Dadá Maravilha homenageia Bira e lembra como eles ‘inventaram’ o fair-play. VÍDEO

Ex-jogador amapaense, Bira do Espírito Santo morreu na segunda-feira (14) em Macapá. O amigo e também goleador Dario Pereira lamentou a perda.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O falecimento do craque de bola amapaense Ubiratan Espírito Santo, Bira, o Tremendão, segue rendendo homenagens de vários cantos do país.

Em Belém, onde Bira se consagrou no tricampeonato do Remo (1977/78/79), a morte do artilheiro e as homenagens tomaram conta dos noticiários jornalísticos de boa parte desta segunda-feira (14), quando ele faleceu na capital amapaense.

Bira faleceu ontem em Macapá, após lutar contra um câncer. Fotos: Divulgação

O corpo do craque está sendo velado nesta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), em Macapá, e será sepultado no fim da tarde.

Dentre tantas homenagens, uma tem coloração futebolística especial. Trata-se do vídeo que o ex-jogador Dario Silva, o Dadá Maravilha, tricampeão mundial com a Seleção Brasileira de 1970, gravou para o amigo que se foi.

“Confesso que estou muito triste sabendo da morte do Bira, um jogador extraordinário. Ele, em Belém, reinava como rei, um jogador extraordinário. O Paysandu me contratou, exatamente para bater de frente com o Bira, que era o grande jogador daquele timaço do Remo. E eu fui muito feliz também, que eu fiz muitos gols e o Bira fez muitos gols”, declarou Dadá.

A história desses dois craques passou de uma saudável brincadeira e provocação, comuns no futebol, à uma boa amizade. Quando Dadá chegou ao Paysandu, o Remo vinha de um bi-campeonato. Mais que isso: o Leão paraense tinha acabado de ganhar o primeiro turno do Parazão de 1979, em cima do rival, por 1 a 0, gol justamente do artilheiro Bira.

Então, começaram os rumores que o veterano Dadá Maravilha iria ser o reforço do time da Curuzu. E assim foi. Folclórico desde sempre, no dia 13 de abril de 1979, Dadá declarou a um jornal paraense:

“Que me desculpe o Bira, mas não gosto de ser segundo em campeonatos em que disputo. Ele é muito novo, tem um futuro promissor pela frente e vai se acostumar a ser segundo. Será o vice-artilheiro do campeonato. Onde passo, sou artilheiro e campeão”, cutucou Dario.

Bira e Dadá, em Belém, em 1979: artilheiros e amigos

Mas, o craque amapaense também tinha muita personalidade, não apenas dentro de campo, mas também com as palavras, e, naquela ocasião, rebateu:

“Desde que estou no Remo, sempre fiz mais gols que Dario no Atlético [Mineiro]. Nas duas Copas Brasil fiquei entre os melhores artilheiros e o Dario, bem longe disso. Até mesmo em termos de certame estadual, ele nunca me superou. Por isso, não vejo motivos para me preocupar. Ele pode ser bom fora de Belém, mas, aqui, o artilheiro sou eu”, disparou Bira a um jornal da capital do Carimbó.

Jogos históricos e fair-play

Com a rivalidade estabelecida e a imprensa inflando o embate, Remo e Paysandu saíram ganhando, o futebol paraense ficou ainda mais atrativo e competitivo. Os dois craques sabiam disso e faziam sua parte do espetáculo, dentro e fora de campo.

Uma amizade que nasceu da rivalidade entre Remo e Paysandu

No vídeo gravado nesta segunda-feira, após saber do falecimento do amigo, Dadá relembra um jogo histórico.

“Eu lembro de um lance em que o Bira fez o gol do Remo, saiu correndo e pulou no meu colo. Aí depois, eu fiz o meu gol pelo Paysandu, saí correndo atrás dele e abracei. Ficamos amigos”.

Este jogo a que Dario se refere, é nada mais, nada menos, que o segundo Re-PA de 1979.

Segundo Caio Brandão, advogado e pesquisador do futebol paraense, do qual esta matéria coletou parte das informações, este Re-Pa contou com o maior público em um jogo de futebol no Norte do país na época: 64 mil torcedores. Esse recorde só foi quebrado em 1999, por outro Re-Pa. Veja os gols de Bira e Dadá naquele dia histórico:

Este campeonato de 1979 teve quatro turnos, vários clássicos, reviravoltas, até o decisivo Re-PA de 26 de agosto. Apitado por Arnaldo Cézar Coelho e repercutido em todo o Brasil, o jogo teve tons dramáticos e foi decidido aos 31 minutos do segundo tempo, quando ele – sempre ele! –, o craque amapaense Bira, desempatou o jogo, fazendo 2 a 1 para o Remo, dando o tri-campeonato aos filhos da glória e do triunfo.

Em 17 jogos, Dadá Maravilha marcou impressionantes 26 gols, o mesmo número de bolas na rede que Bira colocou desde que Dario entrou no meio do Parazão. Somado o campeonato todo, Bira marcou 32 gols, e com essa marca, ele é, até hoje, o maior artilheiro de uma única edição da gloriosa história do Parazão.

Seles Nafes
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