Por LEONARDO MELO
A Associação de Policiais Penais do Amapá está cobrando a conclusão da construção de 12 guaritas no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), na zona oeste de Macapá. Além disso, a entidade classifica como precárias as condições de trabalho.
Segundo Jailson Lourenço Mafra, presidente da associação, as obras já duram três anos, tempo desde que o investimento, R$ 418 mil, foi empenhado. Ele afirma que a licitação foi feita na modalidade de dispensa, pois teria emergência e, mesmo assim, até hoje a obra não foi concluída.
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Depois de quase três anos, a obra recomeçou com a participação de detentos na construção das guaritas. Fotos: Ascom/Iapen
“Nunca responderam nossos questionamentos. Já fazem, praticamente, três anos que esse recurso foi empenhado. As obras seguem se arrastando por todo esse período, sem prazo de conclusão. Estão usando a mão-de-obra de presos e não vemos a empresa que seria responsável por essa obra, não vemos a placa de identificação, quando e quanto desse recurso já foi repassado”, questiona o presidente da Apolpenap.
Empresa
Outro ponto de questionamento é sobre a empresa que a associação afirma ter vencido o certame para a realização. Segundo a entidade, a empresa seria se chamaria Braznut Construção e Pavimentação, mas os mesmos, quando acessam ao cadastro da empresa, no endereço indicado como sede do empreendimento, há apenas uma casa residencial.
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Jailson Mafra gravou um vídeo mostrando as condições das guaritas hoje disponíveis para os sentinelas trabalharem. Foto: Reprodução
“Lá no endereço da Braznut tem uma casa. Aparentemente, está desapropriada, mas não tenho certeza. E outra, porque alegaram obra de emergência? Só pra ter dispensa de licitação? Que emergência é essa que já tem quase 3 anos que essa obra está se arrastando?”, questionou o policial.
Sobre a atual situação das obras, Mafra afirma que depois dos questionamentos da associação, a direção do Iapen saiu da inércia e retomou os serviços, sem, no entanto, estar a contento, de acordo com os parâmetros do policial.
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Mafra reclamou em nome dos policiais penais
Além de ofícios com estes e outros questionamentos enviados à direção do Iapen, a associação também protocolou uma manifestação no Ministério Público Federal (MPF).
Iapen
Por meio de nota, a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá falou sobre a obra, afirmando que prevê para este semestre a conclusão da reforma e adaptação das guaritas que compõem o cinturão de segurança no entorno do Cadeião.
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O Iapen enviou imagens das novas guaritas que já estão…
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… prontas para uso
Cinco guaritas já foram concluídas, e as três restantes estão em fase de acabamento e devem ficar prontas até a segunda quinzena de outubro, segundo a direção do presídio.
“A quinta guarita, de um total de oito, foi concluída na semana anterior. A reforma das guaritas é, na verdade, uma adaptação com melhorias significativas visando a segurança dos sentinelas tanto para ameaças externas quando das ações do tempo”, informou o instituto.
Segundo o coordenador de planejamento do Iapen, Sergio Gomes, a estrutura antiga não observava nenhum desses dois pontos. A obra também contempla a interligação desses postos de serviço com a desobstrução da passarela, o que facilitou o deslocamento dos sentinelas pela muralha.
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Segundo o Iapen, faltam três guaritas para conclusão. Obra é tocada com recursos do Estado e com a participação de reeducandos
A obra está sendo executada pelo Iapen com recursos do tesouro e utilizando mão de obra de reeducandos, que pelo trabalho, estão sendo beneficiados com a remissão da pena.
A conclusão das guaritas e a entrega do sistema hidrossanitário são as etapas iniciais de uma projeto maior que envolve a urbanização do entorno do presídio, o que possibilitará rondas motorizadas por essas áreas de segurança.
Quanto à questão da empresa, o Iapen ressaltou que o atraso no cronograma das obras foi causado justamente por ela, que abriu mão dos dois serviços alegando problemas financeiros. O Iapen esclareceu, ainda, que nenhum valor chegou a ser pago e que reavaliou as obras até conseguir autorização legal para que ela seja custeada com recursos do tesouro, sem a necessidade de empresas, como está ocorrendo.