Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Com o aumento de casos de covid-19 e o retorno de medidas de distanciamento social, a Secretaria de Saúde do Amapá (Sesa) é quem tem a responsabilidade pela assistência aos pacientes que, por ventura, tenham o quadro de saúde agravado.
Cinco meses após o pico da doença em maio, a Sesa aumentou o número de leitos e diz estar mais preparada do que na etapa anterior.
Entretanto, o secretário de saúde do Amapá, Juan Mendes, que detalhou o número de leitos, afirmou ao portal SelesNafes.Com que o Estado tem como estratégia prioritária a prevenção através das medidas de distanciamento e higiênico sanitárias.
Confira a entrevista:
P: O Estado desativou alguns centros de covid-19, mas está reabrindo leitos clínicos e de UTI. Quantos leitos temos atualmente e qual a atual taxa de ocupação?
R: Em primeiro lugar, quero frisar isso, abrir leitos é sempre uma estratégia reativa. A melhor estratégia é a da população no distanciamento, da sensibilização de todos nesse enfrentamento.
No Hospital Universitário (HU) temos 75 leitos adulto, 22 pediátricos e abrimos agora mais 18 adultos, ou seja, 93 adultos e um total de 115 leitos só no HU. Temos 20 leitos em Laranjal do Jari, 10 no centro de triagem do Hospital de Emergências (HE) e 11 leitos no Hospital de Oiapoque, totalizando 156 leitos no Estado.
Temos aí, um número importante de leitos. Hoje [quinta-feira, 29 de outubro] nós temos, globalmente, entre 65 e 70% dos leitos ocupados, mas se fizermos um recorte só do HU, nossa capacidade está de 80% já, mas abrindo esses 18 novos leitos, diminui um pouco.
P: Em algum momento, na primeira etapa e no pico de maio, o Estado chegou a ter dificuldade de leitos e de receber pacientes. Isso já ocorreu nesse período de nova demanda?
R: Nós temos um cenário diferente. Naquele momento não tínhamos a real dimensão do que estava por vir, agora a gente tem tomado medidas mais tempestivas, de forma de estar mais preparados e ainda não tivemos um acúmulo, principalmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), aguardando leitos. Ainda não tivemos. E pretendemos que não ocorra, estamos muito empenhados para que não ocorra.
É sempre muito difícil e desafiador dizer, porque pode ser uma caixinha de surpresas. Se ocorrer uma segunda onda, podemos abrir mil leitos e termos a demanda de dois mil pacientes, a gente não sabe e é um desafio. Estamos, sim, muito bem preparados para essa tendência de crescimento, não tivemos essa saturação.
P: O Estado está preparado caso esse aumento se torne uma segunda onda? Quais as estratégias pensadas?
R: A primeira estratégia, como eu falei, o Estado aprendeu muito com a primeira onda de infectados, não é possível determinar que nós estamos em uma segunda onda, epidemiologicamente falando, isso vai depender das ações que estão sendo tomadas. É difícil também dimensionar qual é o limite desse crescimento, mas o Estado tem várias estratégias: focar no HU, onde há a capacidade de expansão, muito bem feito com a Unifap, com os órgãos de controle, amarrando essa possibilidade; reativação dos centros de covid, obviamente focado lá em Santana, onde nós temos lá um centro de apoio instalado.
Caso a gente tenha mais necessidade, vamos aumentar para outros equipamentos de saúde. A título de exemplo: UPA Zona Norte [de Macapá], nós poderíamos contingenciar toda a UPA zona norte, não estou falando que isso vai acontecer, mas está no nosso radar como possibilidade. Dentre “n” cenários, nosso plano de contingência abraça todas as possibilidades, do melhor ao pior cenário.
Essas estratégias perpassam dentro da garantia da assistência, abrimos leitos, mas o fundamental é a participação da população novamente. Se nós não compreendermos que o vírus ainda circula e que temos, sim, um momento exponencial da infecção nos últimos dias, não adianta só abrir leitos. Precisamos da ajuda da população nas medidas de contenção, etiqueta respiratória, distanciamento social, higiene das mãos, entre outras ações.