Filme amapaense “Açaí” vence festival nacional

Curta-metragem “Açaí” venceu o festival Guarnicê, no Maranhão, nas categorias melhor trilha sonora original de curta metragem e melhor curta nacional pelo júri popular. (Foto: Divulgação)
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O filme amapaense Açaí, do diretor amapaense André Cantuária, venceu o Festial Guarnicê, importante festival realizado pela Universidade Federal do Maranhão, em duas categorias: melhor trilha sonora original de curta metragem e melhor curta nacional pelo júri popular. O resultado foi divulgado na noite desta segunda-feira (26).

Diretor André Cantuária. (Foto: Divulgação)

A trilha foi assinada pelo maestro Manoel Cordeiro e pela banda amapaense o Sósia, que conseguiram colocar no filme a agitação, a ação, a espera e o mistério com guitarradas e músicas que casaram perfeitamente com a temática amapaense e nortista.

Já o prêmio de melhor curta nacional pelo júri popular, trata-se de um dos mais concorridos e esperados e significa, dentre outras coisas, que Açaí caiu no gosto popular e entrou no concorrido cenário do áudio visual. Veja o momento da premiação:

“Estou imensamente feliz por essa conquista que a gente teve do Açaí e levar o nome do nosso estado à nível nacional do cinema, sendo o único representante do Amapá. Só de estar lá já era uma conquista e ganhar esses prêmios é o reconhecimento de um trabalho árduo aqui do cinema. Eu não esperava, de verdade ter uma premiação, é uma conquista imensa. Ainda estou em êxtase de felicidade, de levar o nome do Amapá. É um filme 100% amapaense”, declarou André Cantuária.

O filme é fruto também do primeiro edital do audiovisual do Estado do Amapá e o governador Waldez Góes emitiu uma “nota de felicidade” na manhã desta terça-feira (27).

“O curta, produzido com recurso do tesouro estadual, representa uma grande vitória à política cultural do estado, que investe nos editais como instrumento de proteção e valorização da nossa cultura. À toda equipe que trabalhou na realização da obra, que expressa com muito bom humor a paixão do amapaense pelo açaí, fruto que nos faz forte e criativos, nossos parabéns e orgulho”, diz trecho da declaração do governador.

O Portal SelesNafes.Com conversou com o diretor, que falou um pouco sobre o filme, a alegria de vencer o festival e sobre suas impressões sobre o atual momento vivido pelo setor no Amapá. Confira:

Conta um pouco sobre o Açaí, a saga desse herói em busca do líquido precioso para os amapaenses.

O curta Açaí surgiu através do contato que a gente teve com um festival em uma escola do Novo Horizonte, a Raimundo dos Passos, lá tem um festival o “curta o curta”, e lá tem dois professores que fazem um trabalha há alguns anos, e a gente assistiu um filme produzido pelos alunos, algo bem legal, com premiação, envolvimento dos pais, da comunidade da escola e a gente chegou a assistir a ideia original, “Em busca da felicidade”, acho que era o nome do filme e era essa mesma ideia, um jovem que ia atrás do açaí e ele passava por várias situações.

A gente gostou muito da ideia, eu particularmente gostei muito e ficou comigo isso. Dois anos depois, em 2017, a gente voltou nessa escola com o projeto, com a produtora executiva do Açaí, Jhenni Quaresma, com o “Cine Perifa”, a gente voltou para dar oficinas de cinema e educação. Lá a gente começou a desenvolver vários trabalhos com os alunos e desenvolveu também para o festival desse ano.

O projeto foi selecionado em um edital de audiovisual do Governo do Amapá. (Foto: Divulgação)

Foi o período que abriu o edital, o primeiro edital do audiovisual do Estado do Amapá, então a gente tinha o contato com os alunos que produziram o filme, essa ideia e na hora veio o start, vamos transformar essa atividade de escola, de aula, em um roteiro de cinema, vamos produzir. Entramos em contato com os aluno e começou a desenvolver, mudamos várias coisas, é claro, mas a gente deixou a ideia original deles e começamos a desenvolver um projeto à partir do edital.

Fomos selecionados pelo edital do audiovisual e foi aí que nasceu o Açaí. A gente foi adaptando e a gente queria também, ao mesmo tempo, como veio da escola, manter as locações. Mantivemos as locações, os cenários do filme foram pensados pelos alunos.  A relação foi tão grande que um dos alunos acabou, durante o processo de produção e pré-produção do filme, se tornando o produtor de locação. Ele nos ajudou, nos levou nos lugares. Ajudou muito, tanto é que ele assinou no filme como produtor e como ideia original.

O ator Joca Monteiro protagoniza o filme… (Foto: Divulgação)

… interpretando Dionlenon. (Foto: Divulgação)

O filme é uma comédia, então a gente pensou na relação com a comunidade, muitos atores do filme eram do bairro, a gente teve uma relação muito grande com a comunidade. A ideia era justamente mostrar essa jornada do personagem Dionlenon, dessa busca pelo açaí e da gente pontuar, em cada cena, essa questão cultural nossa. Modo de falar, as paisagens do norte e de pensar num filme que é na periferia de Macapá, na zona norte, então acaba que fica muito mais interessante.

A gente pensou nesse sentido: que a pessoa pudessem se identificar, que nós amapaenses possamos assistir o Açaí e se identificar com o filme.

Muitos atores do filme eram do bairro. (Foto: Divulgação)

E a premiação no Festival Guarnicê?

Bom, é o primeiro festival que a gente participa. A gente lançou o filme no início do ano, em fevereiro, pelo governo, e a gente até tinha a ideia de fazer o lançamento no Novo Horizonte, chamando as pessoas que participaram, que cederam as locações, a escola, mas acabou que aconteceu essa pandemia e a gente teve que abortar e ficamos assim esperando toda essa situação passar.

Os festivais foram se adaptando, nas questões de exibições, nos streaming e fazendo mostra online, então fomos selecionados pelo Guarnicê, um dos festivais mais antigos do Brasil, da região norte e nordeste, e mais importantes também, de exibição de filmes e a gente acabou sendo selecionado. Só o fato da gente estar participando de uma mostra, já era um passo muito grande pra gente e, enfim, de levar o Amapá. E ainda ser premiado é uma grande emoção. Fomos o único filme do Amapá, foram três ou quatro filmes do norte, mas formos o único do Amapá. Enfim, agora é levar o Açaí para o mundo. Essa é só uma das janelas de exibição que vai ter e acredito que terão muitas outras pela frente. Claro que a pandemia, mudou um pouco o que a gente tava pensando e planejava, mas só adiou, acho que tem muita coisa ainda pra acontecer, pro filme viajar ainda por muitos lugares.

A equipe por trás das câmeras conta com gente experiênte, como Tomé Azevedo, que assumiu a direção de elenco… (Foto: Divulgação)

Uma comédia é um desafio?

Nesse edital fomos o único filme do gênero. Para mim foi um desafio, porque fazer comédia é muito mais difícil do que fazer drama ou algo do tipo, porque tem o processo de fazer as pessoas rirem. Então quando eu fui pra sala de cinema, para fazer o lançamento, eu senti o frio na barriga: “poxa, será que as pessoas vão rir nos momentos certos?”, e assim, a gente conseguiu. As pessoas riram muito, tanto é que o filme foi aplaudido duas vezes na sessão, em dois momentos, tanto na estreia fechada pro governo quanto no teatro.

Então pra mim foi muito satisfatório. Muita gente falou que o Açaí era a novidade, não menosprezando os outros, que foram todos muito bons, mas o fato de ser comédia, de ter essa interação, de fazer as pessoas rirem, de ter esse sentimento de alegria, essa leveza, foi legal, a energia foi muito boa. Pra mim como produtor, como diretor, foi bem difícil cumprir esse objetivo.

… e outros profissionais do mercado audiovisual amapaense. (Foto: Divulgação)

Posso dizer também que a gente já tinha profissionais que atuam no mercado há muito tempo, como por exemplo o diretor de elenco, que foi o Thomé Azevedo, o diretor de fotografia que foi o Preto, o Nildo Costa, que produz muito aqui, a Jhenni Quaresma, produtora executiva que fez um trabalho belíssimo de conduzir o projeto e a gente conseguiu não ter nenhum problema. Também o Rafael Aleixo que fez toda a produção, fez as coisas acontecerem junto com a Jhenni Quaresma e também a gente teve participações na trilha sonora muito boas, que foi o Manoel Cordeiro, que cedeu, fez, junto com O Sósia, as trilhas do filme.

Teve essa grande junção, é um produto 100% amapaense.

Ideia do longa nasceu em uma escola da zona norte de Macapá. (Foto: Divulgação)

Seles Nafes
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