Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
O crime de clonagemde celular para a tentativa de golpe financeiro teve um aumento de 35% no Amapá e os relatos só aumentam a cada dia, acompanhando, inclusive, a média nacional, onde o crime também cresceu.
A chamada “engenharia social” das quadrilhas é cada vez mais ousada e qualquer pessoa pode ser a próxima vítima. Semana passada, em Macapá, até o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Rommel Araújo, teve o celular clonado.
A tática mais usual no momento é clonar o WhatsApp do usuário e ir em suas listas de contatos e grupos e se passar pela pessoa pedindo que quantias variadas sejam transferidas para alguma conta bancária, por supostamente a pessoa estar com alguma dificuldade em realizar operações no seu próprio banco.
Assim que ficou sabendo do golpe, Franscisco buscou cancelar e bloquear contas e linha telefônica. O professor Francisco Monteiro foi vítima da clonagem na quinta-feira (8) e rapidamente membros de seu grupo de amigos de infância e familiares começaram a receber uma mensagem padrão.
“Deixa eu te pergunta, você que entende das tecnologias kkk, tô tentando fazer uma transferência para um vendedor e não estou conseguindo, está aparecendo processo interrompido, e manda eu ir até o caixa eletrônico para cadastrar o celular, será que é porque eu troquei de celular?”, dizia uma das mensagens.
Observa-se a tentativa de demonstrar-se informal, íntimo, uma pessoa com dúvidas e que sorri, recursos usados para tentar criar proximidade e aproximar-se da nova vítima, ou seja, da pessoa que perderia o dinheiro de fato. A mensagem tem uma sequência.
“Consegue fazer essa transferência pelo App? Amanhã vou ao banco às 10 horas e faço a devolução para a sua conta, se caso cobrar algum juros pode ficar tranquilo que eu pago”, diz a segunda mensagem.
Chico Monteiro logo foi avisado pelos amigos e parentes que perceberam a artimanha.
“Eu fiz um boletim de ocorrência e tive que mandar um e-mail para o WhatsApp para eles bloquearem minha conta, só assim que eles pararam de usar. Eu também bloqueei meu chip”, contou o professor.
Radiografia do crime e orientações
O Portal Seles Nafes conversou com o delegado Leandro Leite, que explicou como o crime tem funcionado. A maior parte das quadrilhas que tem atacado os usuários amapaenses são de São Paulo, Mato Grosso e Goiás e o crime aumentou muito por causa da pandemia.
Quanto ao aumento e método, ele explica
“Esse crime aumentou muito no Brasil principalmente por causa da pandemia, então, de março a julho deste ano, nós tivemos um aumento no Amapá de 35% desses casos, envolvendo esses cibercrimes. Cada dia que passa esses criminosos utilizam de uma engenharia social diferente, inovadora, a clonagem do WhatsApp, por exemplo, ela passou por várias etapas, vários estágios de avanço e no caso específico do Amapá, quase a totalidade deles são de fora”, explicou o delegado.
A polícia civil do Amapá elaborou cartilhas e um vídeo com orientações para que as pessoas se previnam ao golpe e também saibam como reagir caso sejam pegas. A orientação geral também perpassa pelo registro da ocorrência em qualquer delegacia de bairro.
“A Polícia Civil não possui uma delegacia especializada para investigar esses crimes. A pessoa que foi vítima pode procurar a delegacia mais próxima à sua casa e registrar o boletim de ocorrência”, finalizou Leandro Leite.