Heroico: policial penal salva vida de adversário em jogo de futebol

A ação ocorreu no Clube da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Amapá, na Rodovia JK, zona sul de Macapá, durante o campeonato master de futebol.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Vídeos gravados do procedimento de salvamento ocorrido na noite desta segunda-feira (5), tem impressionado quem assiste. O policial penal João Alan Kardec Marques Moreira, de 41 anos, conhecido como PP Alan Kardec, salvou a vida de um jogador do time adversário, que teve uma parada cardiorrespiratória.

A ação ocorreu por volta de 20h30, no Clube da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Amapá, na Rodovia JK, durante a realização de um campeonato master de futebol, disputado em Macapá.

Kardec conta que jogava pela equipe da Inglaterra quando, aos 8 minutos do primeiro tempo, um jogador do time do Chile passou mal e caiu em campo. Não teve disputa de bola, baque, ou choque com ninguém, ele simplesmente caiu e o juiz parou o jogo. Jogadores e torcedores começaram a correr para tentar ajudar.

O salvamento

O policial penal não sabe o nome do jogador adversário, apenas seu apelido, Cipa. A primeira que ação foi perguntar se Cipa tinha algum problema epilético ou algo do tipo. Em seguida, ele pediu para se afastarem. Começou a fazer aferições e verificou que o pulso estava fraco. Ele estava tendo uma convulsão forte, travou o maxilar, ainda não estava tendo a parada cardiorrespiratória.

Kardec teve a ajuda preciosa do árbitro Luan e do técnico Zé Roque

Começou o trabalho para desobstruir as vias aéreas para que o ar entrasse e ele pudesse respirar. O árbitro Luan deu uma ajuda preciosa na reanimação.

“Eu falei: Luan, segura a cervical dele e não deixa ele mexer em hipótese alguma, que eu vou tentar destravar o maxilar dele. Aí, eu consegui destravar, aí veio outro rapaz, se não me falha a memória foi nosso técnico, Zé Roque, e colocou o dedo no maxilar e destravou um pouco, mas logo em seguida ele teve a primeira, na minha percepção do momento, a primeira parada [cardiorrespiratória], ele apagou totalmente”, contou o policial.

A tensão se seguiu enquanto os colegas de bola tentavam manter a calma e seguir os procedimentos que aprenderam em cursos de salvamento.

“Eu tive questão 4 a 5 segundos para fazer os procedimentos de medição da caixa torácica dele em relação ao pescoço para fazer a reanimação. Aí comecei a fazer as flexões, conferi de acordo com o que a gente faz. Os batimentos cardíacos nada, aí, retornou a pulsação dele, só que estava muito fraca, aí, eu fui para a braquial, a do pescoço, eu senti, mas estava muito fraca e nada dele retornar. Já tinham ligado para a ambulância e eu pedi para apressar e eu não queria levantar a cabeça para não ver o semblante das pessoas”, relatou Kardec.

O campeonato é para jogadores acima de 40 anos e chamou a atenção de Alan o desespero das pessoas. Ele conta que pedia a Deus paciência, discernimento e algo dentro dele lhe dizia para prosseguir.

Jogadores dos dois times se abraçaram em oração enquanto o salvamento era feito. Fotos: Reprodução

Mas, ainda haveria a segunda parada, que foi mais dificultosa e complicada, pois Cipa apagou totalmente e não era possível sentir nem mais a sua respiração. Já era a terceira massagem e deu câimbra nos braços de Kardec.

Nessa terceira vez, extenuado, com dores nos dois braços, voltou a pulsação, mas a respiração estava descontínua. Após colocá-lo lateralmente, Kardec percebeu que era a própria língua do rapaz que o asfixiava e pressionou o maxilar com mais força.

Ele foi retornando, recobrando a consciência, não era possível verificar as pupilas pela baixa luminosidade do local. Com perguntas, Kardec o deixou levantar após respondê-las corretamente, como o nome da esposa, e verificou que estava se recuperando de verdade.

“Estou sem palavras até agora. A palavra que eu tenho é gratidão. Dou graças a Deus por estar no momento certo e agir dentro daquilo que Deus me concedeu como conhecimento aqui na terra, junto com meus colegas de curso. Estou em estado de êxtase ainda. Tô doido para conhecer o rapaz, porque o conheço apenas da bola, só sei que o apelido dele é Cipa”, declarou o herói daquela noite.

Alan quer que o rapaz se recupere o mais rápido possível e aproveite a companhia da sua família para depois, então, ir conhecê-lo. Nesta terça-feira (6), o telefone de Alan Kardec não parou o dia todo e ele deverá ser condecorado na sua corporação pela atitude heroica.

Seles Nafes
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