Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Com mais de 90% da população sem energia elétrica, com itens que começam a faltar nos mercados, mais uma vez é a hora de surgirem exemplos da solidariedade entre amapaenses. E eles têm surgido.
É um vizinho que leva comida, outro que abre as portas para dividir água ou que empresta um mosqueteiro. A solidariedade é capaz, de emergir, até durante guerras.
No caos amapaense, uma família do Bairro Beirol, na zona sul de Macapá, abriu sua casa para familiares, amigos, vizinhos e desconhecidos.
No primeiro dia, Thayna e Yasmin Cuevo, relatam que todos ficaram “no mesmo barco”, sem energia elétrica e, sem aviso prévio, zerado em seu estoque de água, porém, no dia seguinte a energia elétrica voltou. Com isso, a bomba pôde funcionar e encher as caixas e cisternas.
Como os vizinhos não têm poço artesiano, logo a ajuda começou. Vários baldes e galões, água para todo mundo que chegar. Até carro que ia passando na rua parou para pegar um pouco.
“No segundo dia, a gente encheu nossa caixa e no mesmo dia falamos: olha, enchemos nossa caixa, quem quiser vir pegar, tranquilo”, contou Yasmin.
Corriqueiro e abrigo
Thayma relembrou que não é a primeira que isso ocorre. Outras vezes em que falta água, o que ela afirma ser constante, os vizinhos também recorreram ao poço artesiano da casa, que fica a cerca de 500 metros do Rio Amazonas.
A família não se descuidou da covid-19 e as placas alertando sobre o uso de máscara, está afixada na parede de entrada. Além disso, um mini “escritório” foi montado, com tomada, carregador e computador para as pessoas que precisam se comunicar com parentes ou o trabalho.
“Nesse momento que estamos vivendo um período caótico, a solidariedade é superimportante. Se a gente não se unir, a gente sabe que tem o privilégio de estar com energia, mas estamos sem água e contamos com a solidariedade deles aqui. Água, precisamos para tudo, né, e nós cedemos também nossa casa para nossos familiares que estão em um bairro que não tem energia elétrica”, contou Larissa Emily, de 26 anos.