Energia volta parcialmente, mas haverá racionamento

Casas iluminadas por velas na zona oeste de Macapá: cronograma do rodízio ainda não foi divulgado pela CEA
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Por SELES NAFES

Há quase cinco dias, o amapaense vive uma experiência inédita em sua história. Nem a crise do racionamento de energia e de gás, ambos nos anos 1990, foram tão angustiantes e causaram tanto caos. Só na madrugada deste sábado (7), é que o fornecimento de energia chegou em alguns bairros, mas a CEA divulgará um cronograma de rodízio.

A crise que começou na terça-feira (3) só mostrou o tamanho que teria no dia seguinte, quando houve a divulgação de que os danos eram extensos e graves na subestação da Isolux, atingida por um raio na zona norte de Macapá.

Na quarta-feira (4), no primeiro dia útil da crise, houve filas nos poucos postos que tinham geradores de energia para funcionar as bombas de combustíveis. Também houve grande procura por geradores portáteis movidos à gasolina ou diesel. Os preços variaram entre R$ 2,1 mil e R$ 4,5 mil. 

Com o passar das horas e dos dias, o amapaense foi percebendo que a crise seria maior, e as filas cresceram e migraram para quase tudo: comprar gelo, alimentos, água mineral, sacar dinheiro, comprar pão, hotéis, aeroporto e até na área portuária, onde muita gente embarcou para ficar em hotéis ou casas de parentes em Afuá e Breves (PA).

Luta pela água aumentou o drama. Fotos: Seles Nafes

Quem pôde, comprou gerador portátil

Mas foi a falta de água nas torneiras que mais causou desgaste. Muita gente estava indo buscar água no Rio Amazonas e noutras fontes para dar conta das tarefas mais elementares, como cozinhar e lavar louça.

Passagens

No Aeroporto de Macapá, farmácias e pequenos estabelecimentos onde havia caixas eletrônicos, as filas para sacar dinheiro dobraram os quarteirões.

No aeroporto, além da busca por wi-fi e tomadas para carregar os celulares, também havia procura por passagens para Belém e outras cidades, já que os hotéis de Macapá ficaram lotados. Para muitas famílias, especialmente com crianças, o investimento foi necessário para buscar conforto e combater o calor. 

Na quinta-feira (5) à noite, uma passagem (só de ida) para Belém estava custando R$ 980. Mais cedo tinha chegado aos incríveis R$ 2 mil. Mesmo assim, todos os voos já estavam lotados até domingo (7).

Fila por passagens e para sacar dinheiro no aeroporto de Macapá

Fila em todos os postos com geradores de energia

A procura por dinheiro ficou entre as mais cansativas.

“Estamos aqui desde as 7h, e já são 18h, e nada de abastecerem os caixas eletrônicos. Tinham mais de 300 pessoas aqui. Agora a empresa de segurança veio e informou que não vai mais trazer dinheiro hoje”, queixou-se Luís Cláudio. Ele estava no aeroporto e ia tentar registrar um boletim de ocorrência na Delegacia do Consumidor.

Gabinete de crise

Houve uma grande mobilização da classe política, especialmente do governo e da bancada. A pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), o Ministério das Minas e Energia montou um gabinete de crise ainda na quarta-feira.

Três planos foram apresentados. O primeiro: reparar os danos num dos transformadores para que a energia fosse restabelecida em 60% a 70% do Estado, o que levaria a um racionamento.

Oiapoque, Vitória e Laranjal do Jari foram os únicos dos 16 municípios que não foram atingidos pelo blecaute. Oiapoque tem sistema de geração térmica, enquanto Laranjal do Jari e Vitória são os primeiros municípios atendidos pelo Linhão de Tucuruí.

O segundo e o terceiro planos são para restabelecer 100% da energia: transportar de Laranjal do Jari a Macapá um gerador que pesa mais de 100 toneladas, o que levará 10 dias. Ou plano prevê trazer de Boa Vista (Roraima), por balsa, outro gerador numa jornada de até 30 dias.

Ainda neste sábado (7), a CEA ficou de divulgar o cronograma de racionamento nos bairros. Serão seis horas com, e seis horas sem energia. 

Seles Nafes
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