Garoto de 13 anos leva tiro de borracha no olho em ação policial, diz família

A ação policial foi para dispersar um protesto contra o apagão. Mas, o menino não participava da manifestação.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Para a maioria dos amapaenses os dias estão muito difíceis com as consequências do apagão, mas para um jovem do Bairro dos Congós, na zona sul de Macapá, a situação é ainda pior.

Na sexta-feira (6) o estudante L.M.C.A, de 13 anos, foi atingido por um tiro de bala de borracha no olho direito, durante uma ação da Polícia Militar do Amapá para dispersar um protesto por conta da falta de energia em 90% do Estado.

Garoto foi operado, mas ainda não sabe que sequelas o tiro da PM pode deixar. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN, Divulgação/PM e Arquivo Pessoal

O garoto, que segundo a família não participava da manifestação, estava acompanhando os pais, que são empresários, donos de uma distribuidora de água e uma assistência técnica de celulares, na Sétima Avenida do Congós com a Rua Doutor Alberto Lima, no populoso bairro da zona sul de Macapá.

Segundo relatos da família, tudo começou por volta de 19h e 19h30, quando o garoto e os pais estavam sentados do outro lado da rua dos seus empreendimentos. Eles perceberam um carro chegar, depositar materiais e atear fogo. Era o bloqueio da manifestação.

Em uma semana desde o início do apagão…

… a PM registrou mais de 20 manifestações

Rapidamente, cerca de cinco minutos depois, eles perceberam a presença da PM, que chegou atirando, sem tentativa de negociação, segundo relato da família. O garoto, gritou.

“Meu filho correu para o nosso depósito e escutamos um tiro, ele gritou: pai, pai, me atiraram. A gente não viu, eles vieram tipo camuflados, escuro, tava tudo escuro, né? Chegaram atirando”, declarou o pai da criança, Alexsandro de Abreu, de 35 anos.

Os ferimentos sofridos pelo…

… funcionário dos pais do garoto que levou tiro no olho

A mãe, diz que perdeu o chão e conta um pouco da sequência.

“Quando eles chegaram atirando, todos os manifestantes foram embora, quem ficou fui eu, meu marido, o pessoal que trabalha com a gente, o dono de outra assistência na Claudomiro e a esposa dele. Eu fiquei no meio da rua gritando: cadê o Lucas, meu filho, nisso eu não sabia que ele já estava dentro do carro baleado. Foi quando minha filha gritou: mãe, o Lucas foi baleado. O Alex foi pra cima gritar que eles tinham baleado nosso filho, e eles continuaram atirando. Eu saí e peguei esse meu carro e, igual uma desesperada, coloquei ele bem na frente do fogo”, contou Edilene Rangel dos Santos.

População tem reclamado de violência policial desnecessária nas manifestações

Na sequência, Weverson Medeiros Praia, funcionário da distribuidora, também levou tiros, um pegou de raspão no braço e o outro atingiu o peito, em cheio.

Omissão de socorro

Além de tudo, a mãe e o pai expressam revolta pela omissão de socorro.

“Quando eles viram que a gente estava com esse carro aí, ela com joias, que a gente tinha alguma condição [financeira], eles foram embora e não prestaram socorro. Eles viram que era uma criança baleada, que prestassem socorro”, revoltou-se a mãe.

O casal está abalado. Eles choraram muito durante a entrevista. A família agradece a atenção e o bom atendimento que tiveram por parte das equipes dos Hospitais de Emergências (HE) e de Clínicas Alberto Lima (HCAL). O garoto foi operado e liberado. A pedido da família, a reportagem não divulgará a situação da visão da criança.

O menino estava emocionado, diz ter sentido muita dor e medo. A família registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca). Também pretende entrar com uma ação na Justiça contra o Estado do Amapá.

Polícia Militar

Em nota, a Polícia Militar respondeu ao Portal SelesNafes.Com que ainda não tinha conhecimento do caso e orientou a família a “realizar o registro da ocorrência para que o fato seja devidamente investigado por meio de procedimento apuratório”.

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