O absurdo virou o “novo normal”

Estamos perdendo a capacidade de indignação. Foto: Rodrigo Índio
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Por ARTEMIS ZAMIS, empresário e articulista 

O Brasil sob o comando de Bolsonaro e Paulo Guedes, instalou no país, em tão pouco tempo, insegurança e incertezas. Seus projetos inconsistentes e sem respaldo, tanto do Congresso quanto do mercado, fazem o Brasil nadar rumo ao desconhecido e sem colete. O ministro da Economia não passa confiança, que é um dos pilares da economia, e se limita a dizer e desdizer propostas, o que já virou um padrão nesse governo. Primeiro jogam a proposta, e, dependendo da reação, verificam se é viável ou não a sua implantação. Eles governam pelas redes sociais e se especializaram em acusar alguém quando a corda estica e ameaça quebrar.

Temos hoje o pior cenário econômico dos últimos 100 anos, com uma dívida pública de 91% do PIB, e, que segundo especialistas, pode ultrapassar os 100% em breve. É evidente que a pandemia está sendo o algoz dos números, mas há de se lembrar que o Brasil já vinha com uma economia cambaleante e em declínio antes da covid-19 se instalar por aqui.

Sempre ouvi grandes mestres dizerem que economia sobrevive de projeções, expectativas e confiabilidade de quem a comanda. Infelizmente, os que hoje comandam a área, batem cabeça e se agarram em números que todos os dias lhes escapam das mãos. O governo não tem um projeto que passe credibilidade por sua consistência e razoabilidade, com medidas sérias e acertadas que vislumbrem tirar o país do caos em que se encontra.

Ministro Paulo Guedes: propostas feitas e desfeitas. Foto: Agência Folha

O Brasil hoje é um grande caminhão descendo a ladeira com o freio de mão puxado, porque o freio principal não funciona e o motorista não sabe o que fazer. O monstro da inflação se arvora e é uma ameaça iminente.

A fome já é uma triste realidade que já mata 15 pessoas em média por dia e mais de 10,3 milhões já vivem em “Insegurança Alimentar Grave”, conforme estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em setembro. As ruas foram invadidas por pessoas que deixaram seus parentes, seus lares, suas vidas, para tentarem com todos os riscos, sobreviverem como pedintes.

O governo é uma máquina de escândalos e bizarrices. Todos os dias vemos surgir uma ou outra declaração estapafúrdia ou um novo escândalo estampar as capas de jornais e sites. Brasília é na verdade um grande covil imaginário, onde cada fera tem a função especifica de encantar cérebros desatentos.

No último domingo vimos surgir no Chile o alvorecer de uma nova perspectiva para a América Latina com a aprovação do plebiscito de uma nova constituição em substituição a do ditador Augusto Pinochet, que já dura mais de 30 anos. O mundo opta pelos valores humanos e joga definitivamente no hades a pratica da tortura, da economia austera que sacrifica idosos e pobres, da fome, de todo sofrimento humano.

Chile só agora está se livrando da Constituição escrita na era Pinochet. Foto: El Pais

Ditadores e aprendizes de ditadores não podem mais ter espaço no mundo da política. Os valores da civilização são inerentes às boas práticas de quem escolhemos para nos representar. Está definitivamente provado que por essas terríveis escolhas vimos a maior e pior perseguição humana feita por Hitler, que dizimou mais de 80 milhões de inocentes, sendo 6 milhões de judeus indefesos.

Por que temos que repetir os erros do passado?

A verdade é que não aprendemos nada com o passado. O que sabemos e o que lemos na história nos fizeram normalizar e até mesmo desacreditar do que foi esse horror, pelo tão nefasto e absurdo negacionismo presente em nossos dias. A imprensa o trata como normal e apenas reverbera. Estamos perdendo a capacidade de indignação e estamos aceitando o absurdo como o novo normal. Não nos assustamos mais com a corrupção, com os assassinatos, com as ameaças.

Fila do auxílio em Macapá: crise já era acentuada antes da pandemia. Foto: Marco Antônio P. Costa

Cabe a todo brasileiro parar, se inteirar do passado recente, ler, conversar com pessoas que não são da sua bolha, se politizar, conhecer e finalmente se libertar das amarras e da escuridão da ignorância. É simples e só depende de seu desprendimento.

É chegado o momento de buscarmos de volta o Brasil que hoje virou um brinquedo nas mãos de perigosos e deslumbrados adultos.

A urna espera pelo seu voto consciente.

Seles Nafes
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