Pandemia, apagão e a manga com sal

Para sobreviver, eles vendem a ‘iguaria’ peculiar em esquina do centro de Macapá e atravessaram várias crises ao longo do ano
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Por RODRIGO ÍNDIO

Em janeiro de 2019, uma iniciativa surpreendeu e chamou a atenção de amapaenses pela iniciativa de dois irmãos em vender manga no Centro de Macapá. A fruta, na época, vinha lavada, cortada e acompanhada por sal – iguaria peculiar do Amapá.

O movimento está razoável, mas a família consegue vender dezenas de sacolas com mangas. Fotos: Rodrigo Índio/SN

A história foi contata pelo portal SelesNafes.Com e rendeu diversos clientes por causa do tradicional hábito alimentar na região durante a safra.

Passados 1 ano e 10 meses, a reportagem retornou ao local. Agora, da dupla, só Sandro Corrêa, de 37 anos, trabalha no cruzamento da Rua General Rondon com a Avenida Presidente Vargas, próximo a Universidade Estadual do Amapá (Ueap). Ele é ajudado pela esposa.

As frutas são ‘apanhadas’ às 7h…

… descascadas pela Marinett…

… e postas ao preço de R$ 5

Mas, o que mais chamou a atenção foi o preço da sacolinha com o produto, que antes custava R$ 2, e agora custa R$ 5 – aumento de 150%. O valor está estampado junto com as fotos da primeira reportagem em um banner.

Sandro justifica que o aumento se deve ao período de pandemia e apagão, onde tudo ficou mais caro. Principalmente os produtos da cesta básica.

Sandro: “A gente precisa comer para sobreviver. Tá muito difícil viver”

“O preço aumentou por causa dessa pandemia, o arroz e feijão estão caros, a carne tá cara, tudo tá caro. A gente precisa comer para sobreviver. Tá muito difícil viver. Agora sem energia tudo piorou lá em casa, então tivemos que aumentar para garantir nosso alimento,  infelizmente”, justificou.

Diferencial: produto é tratado com medidas de higiene

O trabalhador diz que houve alteração na porção para não perder a freguesia.

“Também aumentamos a porção, a antiga sacolinha vinha com uns 200g ou 300g, agora vem 1 kg só de polpa cortada, vale a pena para quem gosta”, disse.

Sandro não conseguiu o auxílio emergencial do governo federal e acorda cedo para apanhar mangas. Ele mora alugado com a esposa Marinett Moreira e as filhas, no Bairro Congós, na zona sul de Macapá.

Sacolinha teve aumento, mas quantidade também aumentou

A mulher, de 43 anos, acredita que a safra da manga não dure muito tempo porque há diversas pessoas trabalhando com a venda da fruta por toda a cidade de Macapá.

“Muita gente se espelhou no meu marido e tá em busca do seu ganha pão, que nem nós. Aqui, apesar de humilde, nosso diferencial é a educação, higiene e manga de qualidade. Aproveito, pra pedir que quem quiser nos doar uma cesta básica, passe aqui com nós, será de grande ajuda neste momento”, solicitou a simpática Marinett.

Marinett e Sandro: casal na batalha todos os dias

O movimento está razoável, mas a família consegue vender dezenas de sacolas com mangas. De segunda a sábado, Sandro colhe as frutas às 7h da manhã. Por volta das 10h ele inicia às vendas que seguem até às 19h.

Quem quiser entrar em contato com a família, o número é (96) 9 92052305 (Ligação/WhatsApp).

Seles Nafes
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