MDB: a cronologia de uma agonia

No ano que em que ninguém chegou inteiro em dezembro, o MDB conseguiu a proeza de quase sair do mapa
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Por SELES NAFES

O MDB no Amapá não é mais o mesmo há muito tempo. Na última década, as sucessivas derrotas nas urnas, rachas internos e saída de lideranças históricas, somados à falta de renovação nos quadros, mergulharam a legenda liderada por Gilvam Borges em sua pior crise, desde de 2010.

Naquele ano, Gilvam perderia a eleição ao Senado contra o histórico rival, João Capiberibe (PSB).  

Em 2014, ainda grande, o MDB sofreu duas grandes perdas. A primeira foi a saída de José Sarney do cenário político do Amapá, após 16 anos “representando” os amapaenses no Senado.

Ao perceber que uma derrota era quase certa para o então jovem Davi Alcolumbre (DEM), um ex-aliado, o ex-presidente da República declinou da candidatura à reeleição. Quem assumiu foi Gilvam Borges, que no fim acabou sendo derrotado por Davi.

Em 2016, Gilvam Borges se impôs como candidato à prefeitura da capital e travou uma queda de braço interna com outra liderança tradicional do partido, a ex-deputada federal Fátima Pelaes, que também queria disputar. No 2º turno, Gilvam foi massacrado pelo prefeito Clécio Luís, que acabou reeleito.

Encontro casual na campanha de 2014 com o então candidato Davi. Foto: Seles Nafes

Como dono do partido, Gilvam sobrepujou Fátima na indicação para disputar a prefeitura de Macapá, em 2016

Massacrado no debate e nas urnas. Foto: Rede Amazônica/Divulgação

Em 2018, como “dono” do partido, Gilvam novamente não deu chance para nenhum novo nome e se lançou de novo, desta vez candidato ao Senado. Foi seu pior resultado, e terminou a corrida num vergonhoso 7º lugar, com apenas 4% dos votos.

Em 2020, Gilvam bem que tentou. Chegou a lançar sua pré-candidatura à prefeitura de Macapá, mas acabou sendo barrado pela justiça eleitoral por estar inelegível, fruto de uma condenação por uso irregular de suas emissoras de rádio na campanha de 2014.

No ano da pandemia, quando ninguém chegou inteiro em dezembro, o MDB chegou ainda menor. O partido foi alvo de operação da Polícia Federal e foi derrotado de novo nas urnas, desta vez na eleição do segundo município mais populoso do Amapá, Santana. Dilson Borges, o irmão, teve 9% dos votos, terminando a disputa em 4º lugar.

Não bastasse isso, neste fim de semana, nas redes sociais, Dilson anunciou o rompimento com o MDB, partido que sempre foi o lar político de sua família.

Dilson se aliou ao Patriota (coronel Barbosa) na campanha de 2020

Baixas

Dilson, que já tinha sido derrotado em 2016 quando tentava a reeleição como prefeito de Mazagão, anunciou sua desfiliação por “motivo de foro íntimo”. E ele não foi a única baixa da legenda em 2020.

O experiente vereador de Macapá, Yuri Pelaes, não apenas foi reprovado nas urnas como teve uma votação pífia para seu histórico: 596 votos.

A única promessa de renovação do MDB era o próprio filho de Gilvan, Gonçalo. Apesar de ter ficado com a maior parte do fundo eleitoral e do fundo partidário (R$ 100 mil), ele teve apenas 723 votos.

Agora, a única esperança de o MDB não ficar totalmente fora do poder depende do sucesso de Dr Furlan, que tem como candidata à vice Mônica Penha, indicada por Gilvam, que é um dos coordenadores da campanha.  

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