Quando o Natal parou a guerra

A escolha de relembrar esse exemplo é, sobretudo, uma ode à humanidade, à capacidade que podemos ter de usar um Natal para refletirmos sobre esse ano difícil que estamos vivendo.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

No gelado inverno europeu de 1914 ocorreu uma das principais demonstrações de força que o Natal já teve. Em dezembro, ainda início da Primeira Guerra Mundial, recolheram-se as artilharias, pararam os canhões, calaram-se as trincheiras.

Após o pedido de mulheres por toda a Europa, após o apelo dos que estavam no front e em meio ao caos, silenciaram os estampidos das armas.

Por seis dias, a Trégua de Natal fez com que inimigos nos campos de batalha, alemães, ingleses e franceses se confraternizassem.

Alemães decoraram suas trincheiras com adornos natalinos. Ingleses entoaram cantos e foram seguidos por seus inimigos da trincheira mais próxima, em tal ou qual lugar da França inimigos até jogaram um futebol. Por instantes, dias, o Natal venceu o horror da guerra.

Nas palavras do jovem fuzileiro inglês Graham Williams.

“Começamos a cantar All ye faithful e imediatamente os alemães se uniram cantando o mesmo hino em suas palavras latinas Adeles  Fideles. Que coisa extraordinária, duas nações inimigas entoando o mesmo cântico no meio da guerra”, contou o inglês alguns anos depois.

Há um vídeo que mostra um pouco desta história. Veja:

O exemplo era tão demasiadamente humano, que deveria ser censurado pelos senhores da guerra. E foi. Nada pode assustar mais comandantes do que soldados que resolvem parar de lutar. A imprensa boicotou a informação o quanto pode, mas os saldados feridos que voltavam para casa começaram a espalhar a informação.

O armistício não durou o mesmo tempo em todas as frentes de batalha. Após o Ano Novo, a guerra retornou e as infantarias voltaram a se enfrentar, mas nunca o exemplo da força de um natal, que parou – mesmo que por alguns dias – até uma guerra mundial, foi tão forte e categórico.

Hoje a trégua é celebrada. É tema de livros, de filmes, músicas e peças de teatro. Em 2008, na França, foi erguido um memorial, onde descendentes daqueles que lutaram usaram uniformes da época para se confraternizarem.

A escolha de relembrar esse exemplo é, sobretudo, uma ode à humanidade, à capacidade que podemos ter, mesmo sendo tão bobões e criando tantos problemas para nós mesmos, de usar um Natal como este para refletirmos sobre esse ano difícil que estamos vivendo.

Relembrando os combatentes daquele inverno de 1914, que tenhamos um natal o mais feliz possível.

Foto de capa: Divulgação

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