Após acidente que matou duas pessoas, motorista de BMW será solto

Colisão entre BMW e Celta ocorreu na noite de sexta-feira (15), na zona oeste de Macapá.
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Por OLHO DE BOTO

O chefe de cozinha Mickel da Silva Pinheiro, de 42 anos, e a sua companheira de trabalho, Rosineide Batista Aragão, de 49 anos, morreram em um grave acidente de trânsito ocorrido na noite desta sexta-feira (15), no Bairro Nova Esperança, na zona oeste de Macapá.

Equipes do Corpo de Bombeiros tiveram que serrar as ferragens dos dois carros para retirar corpos e sobreviventes, socorridos pelo Samu. Fotos: Olho de Boto/SN

O veículo que eles estavam, um celta vermelho, conduzido por Mickel, seguia pela Avenida Padre Júlio, no trecho entre as Ruas Paraná e Santa Catarina quando foi atingido violentamente na lateral esquerda por um carro modelo BMW, tipo Classe A, que trafegava no mesmo sentido.

Mickel e Rosineide trabalhavam juntos em um restaurante

Testemunhas relataram que o motorista do Celta manobrava para fazer um retorno pela mesma via quando surgiu a BMW, em alta velocidade. O motorista do carro luxo não conseguiu frear a tempo de evitar o impacto.

Politec esteve no local para remoção dos corpos

A violência da colisão foi tamanha, que o Celta ficou preso às ferragens da BMW e foi arrastado por vários metros. Equipes do Corpo de Bombeiros tiveram que serrar as ferragens dos dois carros para retirar corpos e sobreviventes, socorridos pelo Samu.

Motorista da BMW, Dalson Ferreira teria sido visto bebendo em uma festa antes da colisão. Foto: Reprodução

Nas imagens divulgadas nas redes sociais, ele aparece com a mesma roupa que vestia no momento do acidente

Os ocupantes do Celta não resistiram e morreram no local. Já o os dois homens que estavam na BMW, o condutor, Dalson da Rocha Ferreira, de 39 anos, e o passageiro, Artemio Nunes dos Santos, de 26 anos, sobreviveram – graças ao sofisticado sistema de airbags do carro de luxo – e foram encaminhados ao Hospital de Emergências do Centro de Macapá. Eles não correm risco de morte.

Equipe policial tentou fazer exame do etilômetro no morotista da BMW duas vezes, mas, nas duas tentativas, por médicos não permitiram

O tenente Tachior, do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), informou que o motorista da BMW não foi submetido ao teste do etilômetro no local porque teve que ser levado às pressas ao HE. Ele já estava dentro da ambulância quando a polícia chegou ao local do acidente e os médicos não permitiram.

Os policiais do BPTran foram ao hospital para tentar novamente fazer o teste. Mas, de novo, os médicos não liberaram Dalson para soprar o etilômetro. Porém, o resultado do exame clínico, feito horas depois, já pela Polícia Técnico-Científica não atestou embriaguez.

A Polícia Militar também informou que Dalson Ferreira não é habilitado. A PM relatou que havia garrafas de bebidas dentro da BMW, mas não confirmou ter encontrado porção de droga, como foi divulgado em grupos de Whatsapp.

Dentro da BMW, foram fotografadas garrafas de bebidas…

… e copo de whisky na porta do motorista

A BMW foi apreendida e levada para o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do Bairro Pacoval. O laudo que vai apontar a real causa e quem teria provocado o acidente será emitido pela Politec em até 30 dias. O caso segue sob investigação da Polícia Civil do Amapá.

Sem flagrante

O delegado plantonista do Ciosp, Leonardo Alves, esclareceu que pelo fato do exame de constatação, feito por um médico da Politec, atestar a ausência de sinais de embriaguez, não houve elementos para fazer a prisão em flagrante e nem para pedir a prisão preventiva.

Também não foi possível fazer a oitiva com o motorista da BMW, por ainda estar no HE sob cuidados médicos. Além disso, enfatizou o delegado, é preciso aguardar o laudo sobre o acidente e suas causas.

Delegado Leonardo Alves: fato de não ser possível fazer o flagrante não significa que o acusado não será investigado ou ficará isento de indiciamento e punição

“Sem todos esses elementos, a lavratura do flagrante fica prejudicada. Não podemos meter os pés pelas mãos, pois isso causaria prejuízo para uma futura ação penal. Vamos aguardar o laudo do acidente e vamos encaminhar tudo à investigação especializada, a Deatran [Delegacia de Acidentes de Trânsito] que posteriormente vai colher o depoimento do condutor e passageiro para fazer a análise técnica e jurídica e ver se é o caso de indiciamento por homicídio culposo”, explicou Alves.

Sobre os vídeos que circularam em aplicativos de conversações mostrando o motorista da BMW ingerindo bebida, supostamente no mesmo dia do acidente – ele aparece com a mesma roupa – o delegado destacou que, por enquanto, não há como comprovar que a bebida na taça segurada por Dalson era alcóolica.

Ele também deixou claro que o fato de não ser possível fazer o flagrante não significa que o acusado não será investigado ou ficará isento de indiciamento e punição.

“O fato vai ser melhor apurado. Se ficar comprovada culpabilidade, a pessoa será indiciada e vai responder”, afirmou.

Seles Nafes
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