Norte-Sul: Rodovia é palco de crimes, corridas e descaso

Via tem entrada pavimentada pela zona norte de Macapá, mas jamais foi concluída do lado sul.
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Por ANDRÉ SILVA

Com obras paralisadas desde 2014, a Rodovia Norte Sul, que interligaria as duas maiores zonas de Macapá, segue servindo apenas para rachas, assaltos, desova de corpos e lixeiras viciadas.

Moradores do entorno da obra relatam momentos de terror vivido por eles e por pessoas que se arriscam na via diariamente.

Todo tipo de lixo é despejado no local. Fotos: André Silva/SN

O marceneiro Gilberto Rabelo, de 52 anos, mora desde de 2010 na Avenida Maria Cavalcante de Azevedo Picanço, que fica nas proximidades da rodovia, no Bairro Infraero 2, na Zona Norte da capital.

A avenida é a linha que separa o bairro da área da Infraero cedida para o Estado para a construção da Rodovia. Segundo Rabelo, depois que as obras pararam, há quase 7 anos, o lugar ficou muito deserto e perigoso.

Ele relatou que já presenciou o desespero de muitas pessoas gritando por socorro da rodovia depois de terem sido assaltadas. O morador afirma que também já foi alvo de bandidos, que invadiram a sua casa e fizeram-lhe refém, junto com sua família.

Gilberto Rabelo: “Nessa Rodovia tem certas horas que você não pode passar”

“Cinco elementos invadiram nossa casa, nos renderam e levaram celular, computador, televisão… um bocado de coisa, e nós nunca conseguimos descobrir quem foi”, lembrou o marceneiro.

Ele contou ainda que o muro que separava o bairro da área da Infraero foi posto a baixo pelos próprios moradores.

“A bandidagem se escondia atrás do muro e, de lá, saiam pra praticar os delitos e voltavam pra lá. Nessa Rodovia tem certas horas que você não pode passar. Sem contar que a gente já presenciou muitas desovas de corpos. Aqui, acolá, alguém acha um corpo jogado aí”, disse Rabelo.

Corridas

Luan Braga dos Santos de 23 anos, disse que outra perturbação constante são os rachas que acontecem nas noites e madrugadas da semana.

Ele não quis ter a imagem divulgada, mas relatou que muitas vezes acionou a Polícia Militar, entretanto, as viaturas nunca chegam a tempo de flagrar o crime.

Obras estão paralisadas dede 2014

“Não digo que todos os dias, mas pelo menos umas 2 ou 3 vezes na semana estava acontecendo. A gente trabalha o dia todinho e os caras vem a noite aí pra frente fazer pega, barulho a noite toda. Agente liga pra polícia e dá como referência o Hospital de Amor, mas eles [polícia] não chegam a tempo”, reclamou.

A reportagem procurou a divisão de comunicação da PM no Amapá para saber sobre as rondas no local e as denúncias de racha, mas a corporação ficou de se posicionar após o recesso de ano novo.

Sem previsão

Benedito Conceição, titular da Secretaria de Transportes do Amapá (Setrap), informou que o projeto da Rodovia teve que passar por readequações e está pronto para ser licitado. Custará R$ 50 milhões, mas o certame não tem data certa para acontecer.

Moradores reclamam de rachas à noite e durante a madrugada

O secretário explicou que o projeto é subdividido por etapas e a que está pronta para a licitação corresponde a etapa número 3 que inclui ciclovia, um elevado na Rodovia Duca Serra, além de 7 quilômetros restante de via asfaltada, que vai do fim da Comunidade Ilha Mirim, passando por dentro de uma área da Infraero, indo até a Rodovia Duca Serra, próximo ao quartel do 34º BIS.

“A gente acredita que até o fim de fevereiro a gente está licitando a terceira etapa. O projeto está todo pronto e a gente está trabalhando só no edital pra licitar”, disse o secretário.

Seles Nafes
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