Atendimento por aborto cresce 21,2% na maior maternidade pública do Amapá

Dados são do Hospital da Mulher Mãe Luzia, localizado no centro de Macapá, referentes ao comparativo entre os primeiros meses de 2021 e 2020.
Compartilhamentos

Por RODRIGO ÍNDIO

Em meio ao enfrentamento de duas enormes crises, a sanitária e a econômica, ficou um pouco fora de cena outro drama nacional da atualidade, o aborto. No Amapá, o Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML), que é a maior maternidade pública do estado, registrou um aumento de 21,2% em atendimentos de casos por abortamento.

Processos que geraram a estatística. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Os dados são referentes a um comparativo feito com os meses de janeiro de 2020 e janeiro 2021 e, retratam casos de aborto espontâneo e induzido. Os números informados pelo hospital não detalham se os casos são ligados à práticas ilegais ou espontâneas.

  • Número de partos:

631 (2020)/622 (2021)

  • Nascidos:

686 (2020)/677 (2021)

  • Atendimento por aborto:

 118 (2020)/143 (2021)

No Brasil, o aborto só não é qualificado como crime quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três situações: em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.

De acordo com a diretora do HMML, Cristiane Barros, a quantidade de atendimentos em consequências do aborto é considerada alta pela unidade. Inclusive, há mulheres que chegam à maternidade em estado grave de saúde, entretanto, todas devem sim procurar ajuda.

Diretora do HMML, Cristiane Barros: “A orientação é que você que quer ter uma gravidez saudável procure uma unidade de saúde para fazer o acompanhamento do pré-natal com seis consultas e tenha um diagnóstico correto da gestação”

“Os casos de abortamento que nós fazemos aqui é aquele que a mulher de repente teve um processo de abortamento em casa por alguma situação e vem aqui receber assistência de expulsão do feto. Às vezes, ficam restos placentários ou coágulos de sangue e ela tem que passar por procedimento que a gente chama de amiu [Aspiração Manual Intra-Uterina] ou de curetagem”, detalhou a diretora.

Cristiane ressalta que os principais casos são com adolescentes e que a falta da orientação em relação a própria educação sexual pode resultar numa gravidez precoce e possivelmente motive o aborto caseiro.

“Em outros casos ocorrem uma crise de eclâmpsia que ela teve em casa, ou uma queda, ou algo sempre nesse sentido. A orientação é que você que quer ter uma gravidez saudável procure uma unidade de saúde para fazer o acompanhamento do pré-natal com seis consultas e tenha um diagnóstico correto da gestação”, concluiu a diretora.

HMML é a maior maternidade do estado

Vale ressaltar que mesmo quando são identificadas características de aborto ilegal, o atendimento é feito normalmente, dando assistência médica, psicológica e social à paciente.

É importante lembrar que os métodos contraceptivos devem ter prioridade nas relações sexuais cujos envolvidos não desejam uma gravidez. Há medicamentos e preservativos que são distribuídos gratuitamente na saúde pública.

Violência sexual

Em 2020, HMML registrou 50 casos de adolescentes e mulheres vítimas de violência sexual. Os dados detalham o registro de casos por faixa etária de idade.

  • 12 anos de idade – 03 adolescentes;
  • 13 anos de idade – 25 adolescentes;
  • 14 anos de idade – 02 adolescentes;
  • 15 anos de idade – 02 adolescentes;
  • 16 anos de idade – 01 adolescente;
  • 17 anos de idade – 03 adolescentes;
  • 18 a 29 anos de idade – 07 usuárias;
  • De 30 a 50 anos de idade – 06 usuárias;
  • 95 anos de idade – 01 usuária idosa.

Menores de 12 anos não recebem atendimento específico na unidade, mas sim, no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) por isso não estão no gráfico.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!