Com garis mais vulneráveis, prefeitura pede cuidado com lixo em casa de infectados

Trabalhadores se deparam com materiais usados no tratamento de enfermos misturados a outros resíduos em Macapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

Núbio da Silva Vilhena, de 40 anos, trabalha recolhendo lixo doméstico há 5 anos e, mesmo tendo todos os cuidados, foi contaminado pela covid-19. Ele é um dos muitos garis infectados pelo vírus devido ao descarte irregular do lixo produzido por pessoas diagnosticadas ou com suspeita da doença.

O trabalhador relata que sempre se depara com materiais usados no tratamento de enfermos misturados a outros resíduos. Para ele, por sorte ou intervenção divina, ainda não aconteceu o pior.

Garis lidam diariamente com materiais infectados. Fotos: Rodrigo Índio/SN

“Muitos amigos do trabalho já pegaram a doença, alguns ficaram graves. Todo santo dia a gente encontra muita máscara misturada com outras coisas que mostram que são de doentes de covid, e ainda com sacola rasgada. Mesmo assim a gente tira. Então, peço que as pessoas possam ter consciência. Nos ajudem a lhes ajudar”, brincou o trabalhador, ao sugerir.

E para evitar novos registros de infecção, a Prefeitura de Macapá está orientando a população sobre a importância da forma correta de armazenar o lixo e fazer o descarte dele para a redução dos riscos.

Núbio da Silva Vilhena: “Todo santo dia a gente encontra muita máscara misturada com outras coisas”

O secretário de Zeladoria Urbana, Jean Patrick Farias, explica que resíduos com suspeita de contaminação devem ser colocados em sacos resistentes ou recipientes devidamente fechados e identificados.

Farias lembra que a pessoa também deve depositar o material em contentores fora do alcance de animais para evitar que sejam rasgados ou violados. Outra dica é fazer o descarte horas antes do caminhão coletor passar.

Secretário Municipal de Zeladoria Urbana, Jean Patrick Farias

“Então, a gente fica muito preocupado, porque quando um coletor [gari] ele é contaminado, isso atinge diretamente a sociedade atrasando o serviço. Nossa maior preocupação na verdade é a saúde desses trabalhadores que estão na linha de frente. Então precisamos da colaboração da população”, disse o Jean Patrick.

Permanência do vírus em resíduos

O tempo de permanência do coronavírus em resíduos, conforme divulgação da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), é:

Resíduos plásticos – 5 dias

Resíduos de papel – 4 a 5 dias

Resíduos de vidro – 4 dias

Alumínio – 2 a 8 horas

Aço – 48 horas

Madeira – 4 dias

Luvas cirúrgicas – 8 horas

Os dados mostram que todo cuidado é pouco e deve sim haver uma gestão de resíduos adequada e uma higienização contínua.

Foto de capa: Ascom/PMM

Seles Nafes
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