Caso Kátia: defesa de policial questiona reprodução e aponta outro atirador

Advogado do acusado contesta simulação produzida pela acusação na cena do crime, ocorrido no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul de Macapá, em 8 de julho de 2020.
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Por RODRIGO ÍNDIO

A defesa do policial civil Leandro Freitas, que está em prisão domiciliar pelo assassinato da empresária Ana Kátia Silva – por determinação da 1ª vara do Tribunal do Júri –, vê o laudo de reprodução simulada feito pela família da vítima, no último final de semana, como “absolutamente incompleto”.

No domingo (7), o portal SelesNafes.com mostrou o passo a passo da reprodução simulada independente, feita pela acusação, para reconstituir os instantes finais da vítima e contestar a tese da defesa.

A empresária do ramo de buffet tinha 46 anos quando foi morta. Ela foi baleada durante uma festa de aniversário no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul de Macapá, em 8 de julho de 2020. A defesa também fez a reprodução da morte.

Dinâmica de tiro, segundo a defesa: reprodução simulada computadorizada 3D, feita no dia 25 de fevereiro pelo especialista perito forense Suelo Mariano. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Osny Brito, advogado de defesa do policial, diz que a reprodução simulada computadorizada 3D, feita no dia 25 de fevereiro pelo especialista perito forense Suelo Mariano, mostrou a dinâmica do tiro.

“As provas apontam o disparo por terceiro. Sendo que o exame residuográfico de Kadu Ribeiro, filho da vítima, deu positivo para ambas as mãos e ele estava com a arma após o crime. Destacamos que existem depoimentos, inclusive relato do delegado, que Kadu teria confirmado que teria efetuado o disparo”, alega, Osny.

O laudo citado pelo advogado é um exame feito pela Polícia Científica. Veja:

Laudo citado pelo advogado

A acusação disse à reportagem, no sábado, dia da simulação, que “não existe nenhuma dinâmica possível que permita identificar o filho da vítima como autor, e sim o policial”. O filho da vítima não foi denunciado e muito menos é réu no processo.

Por outro lado, Osny conta que um laudo da Politec indica ocorrência de um único disparo no momento do crime, do ângulo de cima pra baixo, de curta distância.

Osny, advogado de defesa: “provas apontam o disparo por terceiro”

“Mas, a grande questão é que o mesmo disparo que acertou o ombro de Leandro foi o tiro que teria vitimado Kátia, o mesmo tiro. Não é lógico, nem racional que ele [Leandro] tenha disparado em si mesmo e ao mesmo tempo contra a vítima, sendo que todas as provas apontam que um terceiro que puxou a arma disparou conforme a reprodução a seguir”, disse o advogado ao disponibilizar o vídeo.

Com esta tese, o advogado acredita que, “sem sombra de dúvida”, ficou comprovado que seu cliente não efetuou o disparo.

Osny também descartou a possibilidade do réu ter se ferido no momento quem efetuava disparos para cima durante a festa, minutos antes do crime – o que foi denunciado por vizinhos. Para justificar, o advogado ressaltou que a Polícia Militar foi a residência e controlou a situação, sem a constatação de ferimentos e vítimas.

Ferimento no braço do policial acusado

A defesa evidencia, ainda, outro detalhe que considera um forte argumento para descartar a tese de crime de feminicídio: o casal havia acabado de se conhecer.

“Saiu a perícia no processo, no dia 5 de março. Um laudo pericial em equipamento no celular das partes onde ficou evidenciado que as mensagens de Leandro com a vítima iniciaram-se apenas no dia 7 de julho, um dia antes do fato. Portanto, não teria relacionamento longo com a vítima”, disse Osny.

Depoimento do delegado do flagrante é usado pela defesa

A defesa busca apuração e esclarecimento com um parecer favorável a Leandro Freitas. No dia 6 de abril, uma audiência deve decidir se o policial irá ou não a júri popular.

Seles Nafes
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