Motoristas de aplicativo e taxi sofrem com a alta da gasolina

Um ano depois da pandemia, as dificuldades só têm aumentado em Macapá. Além do preço da gasolina, eles precisam pagar parcela e manutenção do carro.
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Por ANDRÉ SILVA

Para motoristas de aplicativo e taxistas de Macapá, um ano depois da pandemia, as dificuldades para manter o negócio funcionando só têm aumentado.

Em 2020, muitos tiveram que devolver o carro para locadora e concessionária, porque a renda do mês não dava para cobrir os custos com o aluguel e manutenção do veículo.

Jonatas Santos, de 26 anos, trabalha como motorista de aplicativo há quatro anos. Ele já viu muitos amigos desistindo do negócio. 

“Não tem condições de o cara pagar quase dois mil reais num carro e ainda pagar a gasolina e manter a manutenção. Muitos estão devolvendo e estão quase passando fome”, relatou o motorista.

Jonatas Santos: “Muitos estão devolvendo e estão quase passando fome”. Fotos: André Silva

Entre as dificuldades, ele aponta os constantes reajustes no preço da gasolina – que só esse ano subiu cinco vezes – e das peças para o veículo. Sobre as perspectivas para o resto ano de 2021, ele diz não serem muito boas.

“Nós estamos desiludidos. Do jeito que está, tá difícil. Tem policial que roda de aplicativo. Tem professor, que não está mais na sala de aula, rodando de aplicativo. Além das dificuldades que já falei, tem eles que tiram nosso espaço. A gente só tem isso pra fazer dinheiro”, protestou o autônomo.

Michel Pantoja, de 28 anos, trabalha há um ano no ramo. Começou com carro alugado. O negócio dele nasceu no meio da crise. Disse que tudo estava indo bem, apesar da pandemia, mas foi no apagão de novembro de 2020 que a situação piorou.

Michel Pantoja: “Eu tive que devolver o carro”

“Eu tive que devolver o carro. Quando houve o apagão não tinha como usar o aplicativo. Não tinha internet. Quando tinha energia num bairro não tinha no outro e a gente acabava voltando de uma viagem sem passageiro”, reclamou o autônomo.

Ciro Reis, de 30 anos, roda a oito anos como taxista. As dificuldades são as mesmas dos motoristas de aplicativo: gasolina alta, peça e parcela do carro.

“Está todo mundo sofrendo, tanto motorista de taxi quanto de aplicativo. Principalmente no preço de combustível. Acho que até quem não roda na praça está sentindo. Se você fazia 10 quilômetros com um litro de gasolina, hoje faz um percurso bem menor com a mesma quantidade. Quase a metade”, reclamou o motorista. 

Ele acredita que o pensamento deve ser sempre positivo, mas as perspectivas para o resto do ano não são muito boas para a categoria.

Ciro Reis: “Está todo mundo sofrendo, tanto motorista de taxi quanto de aplicativo, principalmente no preço de combustível”

Para tentar manter os clientes durante as medidas de restrição, eles têm investido em produtos de higienização para o carro, para os passageiros e para eles como o uso de máscara e álcool em gel.

“O passageiro tem mais confiança pra entrar no carro. Sabe que é seguro”, afirmou o taxista.

Perspectivas para o resto do ano não são muito boas para a categoria

Ainda não há dados oficiais que mensurem o impacto da pandemia do coronavírus sobre os trabalhadores autônomos no Brasil e no mundo.

Mas, em maio do ano passado, o número de desempregados chegava a 10,5 milhões no país. Em setembro, atingiu a marca histórica de 13,5 milhões, segundo o IBGE.

Seles Nafes
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