Um país na contramão

Governo sinaliza com retorno do auxílio em R$ 250. Além das mortes, Brasil assiste massa da pobreza crescer sem precedentes. Foto :Bruna Prado/Getty Imagens
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Por ARTEMIS ZAMIS, empresário

Não há por enquanto, assunto de maior relevância a ser tratado, que as mortes ocorridas em todo o país por conta da pandemia que nos assola. Já passamos de 255 mil vidas perdidas, somos o segundo no mundo em número de mortos, onde na frente estão os Estados Unidos da América com 512 mil mortos, conforme estatística global da OMS da semana passada.

Diariamente, perdemos mais de mil pessoas e já chegamos em um único dia a ter a marca triste de 1.582 vidas perdidas. É assustador o registro de 2,5 milhões de pessoas que foram atingidas letalmente pela pandemia no mundo, com famílias inteiras sendo devastadas impiedosamente.

Governos do mundo todo se esforçam para salvar as vidas de suas populações com recursos emergenciais, aquisição de vacinas, lockdown,(que é a recomendação mais efetiva feita pela OMS e cientistas), obrigatoriedade de máscaras, todos os protocolos de prevenção, campanhas de esclarecimentos.

Aqui, o governo eleito por 57 milhões faz campanhas contra a vacina, contra o uso de máscaras, contra as restrições de mobilidade, contra a informação e a favor da desinformação. Espalha-se o tratamento precoce para a doença com remédios destinados ao tratamento da malária e outras que são para combater piolhos, que já foram reprovados exaustivas vezes pelos órgãos de saúde do Brasil e do mundo. Desculpem ser repetitivo, visto que já disse isso em outros textos, mas é importante que não nos cansemos de dizer.

Não bastasse isso, surgiu essa semana em 11 veículos de imprensa, matéria paga por uma associação obscurantista de médicos, os tais ‘Médicos pela Vida’ com sede em Recife (PE) recomendado o kit para o ‘tratamento precoce’ com os tais remédios acima citados. Atitude de uma irresponsabilidade sem tamanho que em um país sério, seria tratado como crime que é e seus autores devidamente punidos na forma da lei.

30 de agosto de 2020: filas em uma das agências da Caixa. Foto: Rodrigo Índio

Em Macapá, profissional da saúde aguarda momento de ser imunizada. Foto: Seles Nafes

Na contramão, ainda temos que nos deparar com os negacionistas governamentais e apoiadores. Pasmem, parte do presidente, declaração em rede nacional de ameaça velada aos governadores que adotarem medidas restritivas.

“Se o fizerem que arquem com o pagamento do auxílio emergencial”, disse o presidente. O que ele deseja mesmo é se livrar do ônus da obrigação de governo, que no seu entendimento perverso é simplesmente inconcebível. Não há o apreço pela vida das pessoas nesse governo.

Pessoas em condições de miséria no Brasil já superam 27 milhões, conforme estudo da FGV Social. Número maior que a população da Austrália. O fim do auxilio emergencial contribuiu e muito, para o aumento da extrema pobreza. Isso é cruel quando vemos uma minoria de ricos cada vez mais ricos as custas de uma política suja, nefasta, que joga o povo pobre além do fundo do poço.

Vacinação poderia ter começado em dezembro com 70 milhões de doses

Só em 2019 foram mais de 170 mil pessoas a mais que foram parar na miséria em relação ao ano anterior. Hoje o governo ainda estuda dar um auxilio emergencial de míseros R$ 250,00.

Vivemos um horror em pleno século XXI. 57 milhões de antipetistas, por ódio e inconsequência, absorveram um discurso mentiroso, violento, misógino, racista, homofóbico e perverso que foge à capacidade de entendimento natural, para eleger o pior governo de todos os tempos. É real.

Elegeram um governo que não encara o país pandêmico e ignora assustadoramente os mais de 1.400 mortos diários e os mais de 255 mil mortos em todo o país. Em vários estados o sistema de saúde está em colapso total. Em vários hospitais não tem mais vagas em UTIs e corpos são postos em caminhões frigoríficos por falta de vagas nos necrotérios.

 

É difícil escrever sobre isso. Ninguém gostaria, mas é preciso dizer pra que as pessoas se conscientizem que não é “gripezinha”, não é uma “febrezinha,” não é “E daí” não, não é “Não sou coveiro” não é “Todo mundo vai morrer um dia.” Isso é real, está acontecendo e está incontrolável.

O governo não se importou com a doença. Em agosto de 2020, o Ministério da Saúde se recusou a comprar 70 milhões de doses de vacinas da Pfizer e BioNTech que seriam entregues já a partir de dezembro do mesmo ano, conforme comunicado da própria Pfizer em 7 de janeiro próximo passado. Teve outras recusas de outros laboratórios, inclusive do Instituto Butantã de São Paulo. Isso não é normal e não pode ser encarado com naturalidade nem por seu povo, tão pouco pelos órgãos de imprensa e de justiça. Mas está sendo.

Era pra ser natural se pensar que a economia de um país não pode se estabilizar, crescer, sem a mão de obra, sem consumo e sem o dinheiro circular. Isso são pessoas que fazem. Era pra ser natural salvar vidas como fazem no resto do mundo. Era pra ser natural que a vida fosse o bem maior. Mas não neste governo.

População de miseráveis no Brasil é maior que toda a população da Austrália

A regra geral e o discurso do governo é de que as pessoas têm que trabalhar de qualquer forma pra que a economia que passou a ser o bem maior, não pare nunca e o dragão rei mercado, jamais deixe de agir com suas afiadas garras em detrimento da vida das pessoas.

Em 2022 teremos de novo, a oportunidade de mudar esse país. Tente sobreviver, faça sua parte, só saia de casa se for extremamente necessário, use a máscara, participe de campanhas de informação lute pela sua vida e de seu semelhante.

Unidos sempre, sem ideologias, sem extremismos obscuros. Lutemos com todas as nossas forças pela já tão combalida democracia, pois é só dela que sobrevirá a realização de nossos sonhos.

Lute, informando os que por ignorância caíram e ainda caem no laço do passarinheiro. Lute!

Seles Nafes
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