Autoridades esclarecem fim das buscas a meninos desaparecidos

Adolescentes estão desaparecidos a 16 dias depois de entrar em uma floresta a 370 km de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O comando da operação de buscas na selva pelos garotos Renato Siqueira, de 13 anos, e Fabrício Oliveira, 14 anos, falou com a imprensa na tarde desta segunda-feira (26) para esclarecer o motivo da suspensão da operação. Após 16 dias de drama, o mistério sobre o desaparecimento dos garotos permanece.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros do Amapá, coronel Wagner, as buscas não foram encerradas e sim, suspensas. A falta de sequência nos elementos ou pistas encontradas e a grande área já coberta por terra, rios e ar estão entre os motivos.

“Elas foram suspensas na questão da mata porque o fato motivador que são pegadas, indícios, vestígios, nós não encontramos. A gente pode citar aqui vários momentos que motivaram a gente fazer varredura. Então, nós encontramos o cachorro, encontramos depois uma pegada, galhos quebrados, e foi fazendo as varreduras. E, assim, também ontem a gente fez a última área, então a gente não tem mais esse fato gerador e fica muito complexo para mantermos nossa equipe naquela área hostil, naquela área que tem dificuldade, então havendo de novo esse fato motivador seja por via da investigação que está aberta pela Polícia Civil ou até mesmo quem mora naquele assentamento, trabalha, a gente volta a fazer incursões para achar as crianças”, declarou o comandante.

Presente na coletiva, o comando do Grupo Tático Aérea (GTA) informou que a aeronave deslocada para a ação fez 40 horas de voo, em buscas, mas principalmente no apoio logístico para equipes terrestres.

Coletiva ocorreu no quartel dos Bombeiros. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

As buscas chegaram a ter mais de 40 profissionais envolvidos, onde cada equipe percorreu cerca de 20 quilômetros no total. O perímetro vasculhado é, segundo as autoridades, muito maior do que se supõe do que os dois adolescentes poderiam percorrer.

Hipóteses

As autoridades acreditam ser possível que os garotos ainda estejam com vida, no entanto, admitem possibilidades como acidentes ocasionados por forças da natureza, como afogamento no fenômeno conhecido como “repiquete”, que consiste em uma rápida inundação nas margens dos rios ou mesmo a ação de animais, como cobras ou onças.

Coronel Wagner dise que as buscas não foram encerradas e sim suspensas

O delegado geral da Polícia Civil, Uberlândio Gomes, declarou que não há nenhuma suspeita de crime a despeito de várias denúncias que surgiram. Ele relembrou que as buscas começaram porque a mãe de um dos garotos registrou um boletim de ocorrência em Calçoene. Para averiguar quaisquer questões levantadas, pessoas foram ouvidas pela polícia e o resultado, até o momento, não leva a indícios de crime. 

“Foram ouvidas nove pessoas e surgiu tanto lá em Calçoene como lá no assentamento uma eventual hipótese de cometimento de crime, seja envolvimento com tráfico de drogas, surgiu também [a história] de plantações de maconha por ali, disso e daquilo outro. Essas informações foram confrontadas e, até então, até o presente momento, após a oitiva de nove pessoas e várias diligências, relatórios de investigação, não conseguimos, até então, vislumbrar nenhum crime”, declarou o delegado geral.

Uberlândio também falou sobre as hipóteses.

Uberlândio Gomes: “Se o desaparecimento dessas crianças for em decorrência da ação humana ou omissão, aí sim estamos diante de um crime”

“A pergunta que não se quer calar: e o que foi que ocorreu com essas crianças? Gente, ali é um ambiente totalmente hostil, a natureza, várias intempéries podem ter ocorrido. Se foi um evento da natureza, o inquérito policial vai chegar a uma conclusão, que é um fato atípico e não é um fato criminoso. Se o desaparecimento dessas crianças for em decorrência da ação humana ou omissão, aí sim estamos diante de um crime”, finalizou o delegado.

A família foi informada da suspensão das buscas na noite deste domingo (25). Segundo informações, homens experientes na região, os chamados mateiros, seguem a sua procura por conta própria. As investigações da Polícia Civil também continuam até conclusão do inquérito.

Seles Nafes
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