Em nova manifestação, parentes de vítimas pedem Dawson no banco dos réus

Protesto foi no local de trabalho das vítimas, um restaurante na região central de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O plano inicial era ocupar as ruas, mas apesar das chuvas da tarde desta quinta-feira (15), familiares dos chefes de cozinha Rosineide Aragão e Mickel Pinheiro – mortos no ‘acidente da BMW’ – utilizaram o restaurante onde dois trabalhavam, no Bairro Santa Rita, região central de Macapá, para realizar manifestação contra a soltura de Dawson da Rocha Ferreira, o motorista do carro de luxo.

Aos 39 anos, Dawson era o condutor da BMW que atingiu em alta velocidade, a mais de 180 Km/h, o veículo onde os dois cozinheiros estavam. Eles morreram na hora.

O caso de grande repercussão ganhou mais um capítulo com a soltura de Dawson pouco antes de completar três meses no Instituto Penitenciário do Amapá (Iapen), presídio na zona oeste de Macapá, para onde foi conduzido em prisão preventiva um dia após o acidente.

A família considera os argumentos apresentados pela defesa do acusado e levados em consideração pela Justiça “pífios e incoerentes com a vida que Dawson levava antes da prisão”. Eles se referem à exposição em redes sociais dele, sempre ostentando bebidas e carros caros em festas e baladas frequentadas pela alta sociedade da capital.

“O que nos deixa mais indignados é o motivo dele ter saído. Porque era diabético, hipertenso, asmático, tem um filho autista. A criança não tem culpa, mas e aí? O Ministério Público e o poder judiciário nunca nos procuraram para saber como estamos. É um baita de um papo furado: ele quer beber, usar droga, esbanjar grana, nós não temos nada com isso, mas que não saia fazendo o que ele fez, matando pessoas dirigindo alcoolizado e totalmente sob efeito de droga”, desabafou Anderson Augustin, que era amigo de Mickel e irmão de Rosineide.

Dawson gostava de se exibir em vídeos

A dor de uma filha

Na manifestação no restaurante, a filha de Rosineide contou que foi a primeira vez que entrou no local desde o ocorrido. Contou que sua mãe e Mickel, o chefe de cozinha, eram amigos há muitos anos. Somente neste empreendimento iriam completar sete anos de trabalho juntos e já tinham vindo de outros restaurantes.

Keliane Aragão, filha de Rosineide. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Nessa noite, Rosineide demorou a chegar em casa e Keliane Aragão, a filha com que Neide morava junto com o netinho, estranhou. Ao ligar para o garçom, ela pediu que ele refizesse o caminho. Ele refez e achou o acidente. Ao ligar novamente, ele já apenas pediu para ela ir até o restaurante, pois tinha ocorrido um acidente.

“Quando eu cheguei aqui [no restaurante] e vi todos os funcionários lá na frente, ninguém nem precisou me falar nada. Foi aquele momento em que meu mundo desabou. Espero por justiça, é muito difícil, meu mundo desabou, minha mãe era o esteio, de dia e de noite ela vinha pra cá trabalhar”, contou Keliane.

Rosineide Batista Aragão tinha 49 anos e Mickel da Silva Pinheiro tinha 42 anos. A família espera que Dawson vá a júri popular por homicídio doloso e que seja condenado.

Seles Nafes
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