Jovem acusada de ser falsa médica foi vacinada contra a covid

Momento em que a acusada chega para atender na UBS da zona rural de Santana. CRM afirma que número de registro usado por ela é de outro médico
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

A Polícia Civil do Amapá investiga uma jovem acusada de se passar por médica na zona rural do município de Santana, cidade a 17 km da capital. De acordo com as primeiras investigações, ela também teria sido vacinada contra a covid-19.

A suspeita, de 26 anos, estava atendendo na UBS do Distrito de Anauerapucu, no último dia 31 de março, quando uma equipe de investigadores chegou ao local após uma denúncia anônima sobre exercício ilegal da profissão de médico. A denúncia chegou primeiro na 1ª DP de Macapá, localizada no Bairro Nova Esperança.

“Ela estava lá atendendo. De imediato apresentou a justificativa dela informando que tinha cumprido o 8º semestre (de Medicina) e tinha feito uma prova no Ministério da Saúde que tinha autorizado ela a atender. E disse que tinha entregado a documentação à Secretaria Municipal de Santana”, conta o delegado José Neto.

A equipe foi até a secretaria e acessou a documentação que foi apresentada por ela. Depois disso, os policiais retornaram à UBS, mas ela não foi mais encontrada.

O delegado não divulgou o nome da investigada, mas o Portal SelesNafes.Com apurou se tratar de Samantha Valéria Souza da Costa, que apresentou documentos indicando graduação pela Universidade Federal do Ceará. O delegado José Neto já entrou em contato com a universidade e aguarda resposta.

Samantha Valéria foi intimada a prestar depoimento na manhã desta quarta-feira (6), na 1ª DP de Macapá, mas logo em seguida o inquérito será encaminhado para a 1ª DP de Santana, onde ficará sob responsabilidade do delegado Vitor Crispim.

Entre os crimes investigados, estão uso de documento falso, falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina.

“Segundo informações, ela foi até vacinada como médica”, comentou o delegado.

Fake news e ameaça de processo

O Portal SN tenta contato com o advogado Luís Antônio Ribeiro, que divulgou ontem (5) uma nota em seu perfil no Facebook, afirmando se tratar de fake news contra sua cliente. Segundo ele, todos que estiverem postando ou compartilhando irão responder cível e criminalmente.

“Nossa equipe já está fazendo prints de todas as postagens. Um detalhe, ela é médica sim, foi contratada pela prefeitura de Santana e não sei porque estão fazendo essas acusações falsas contra a mesma. Vamos trabalhar incansavelmente em busca dos responsáveis e da verdade. Espero que os meios de comunicação sejam responsáveis na hora de noticiar sem denegrir a imagem dela”, diz a postagem. O advogado ainda não atendeu a solicitação de entrevista.

Samantha usando jaleco com brasão da Universidade Federal do Ceará. Foto: Reprodução

O Conselho Regional de Medicina também se manifestou publicamente sobre o caso informando que, durante a fiscalização, tirou cópias dos prontuários e da documentação apresentada pela acusada na prefeitura de Santana. A entidade pediu à Secretaria de Saúde de Santana que verifique com o conselho a autenticidade de documentos apresentados durante o processo de contratação de médicos.

“Na oportunidade a Secretaria de Saúde de Santana se comprometeu em realizar o afastamento e desligamento da pessoa acusada de exercício ilegal da Medicina. O CRM-AP vai acompanhar o caso junto a Polícia Civil”.

Presidente do CRM, Eduardo Monteiro: CRM usado é de outro médico. Foto: Marco Antônio P. Costa

Registro de outro médico

Procurado, o presidente do CRM revelou que Samantha Valéria não tem inscrição no conselho, e que a declaração que ela apresentou na prefeitura não foi expedida pela entidade. 

“Nós não entregamos declaração, e sim uma carteira com todos os dados do médico com assinatura minha e da secretária geral. O número da inscrição dela existe, mas é de outro médico que é de São Paulo. Ele é cardiologista e trabalha aqui. Liguei pra ele orientando que faça boletim de ocorrência”, revelou Eduardo Monteiro.

“O que o Ministério da Saúde fez foi antecipar, em algumas situações, a colação de grau três meses antes de concluir o curso por causa da pandemia, mas isso é feito pela própria universidade. Não é esse o caso. Não existe documento no conselho de faculdade (dela), não existe transferência para trabalhar e não consta a inscrição dela em nenhum conselho”, concluiu.    

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!