Jovem é suspeito de furar fila com atestado falso em Macapá

Ministério Público abriu procedimento para apurar o caso na capital do Amapá.
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Por LEONARDO MELO

O Ministério Público Estadual abriu investigação para apurar um suposto caso de vacinação irregular contra a covid-19 em Macapá na etapa do grupo prioritário de pessoas com comorbidades.

A denúncia, surgida nas redes sociais, através de prints, fotos e vídeos, aponta que um jovem teria conseguido furar a fila com um laudo médico obtido de forma suspeita horas antes de tomar a primeira dose do imunizante, aplicado por uma equipe da Prefeitura de Macapá.

Além dele, uma outra jovem também teria recebido a dose de forma irregular. Eles aparecem em fotos antes e depois de supostamente terem sido imunizados em um dos drive-thrus do município. Isto teria ocorrido nesta terça-feira (13).

Algumas horas antes, no dia 12, segunda-feira, o rapaz postou no seu perfil no Twitter uma pergunta para a comunidade virtual sobre como obter um laudo médico comprovando que ele seria asmático até o dia seguinte.

Horas depois, já no dia 13, postou em seu status de whatsapp uma foto, na companhia da moça, de quando estaria na fila para ser vacinado. Logo em seguida, em outra postagem de seu status, eles exibem os cartões de vacinação, comprovando a imunização.

Jovem postou em seu status de whatsapp uma foto na companhia da moça, de quando estariam na fila para ser vacinado

Logo em seguida, em outra postagem de seu status, eles exibem os cartões de vacinação, comprovando a imunização. Fotos: Redes Sociais

Após estes posts, os jovens passaram a ser questionados nas redes sociais, inclusive porque ele seria fumante mesmo sofrendo de asma. O rapaz fez uma série de postagens defendendo que tem, sim, uma comorbidade e, por isso, tem o direito de ser vacinado.

“Tenho asma alérgica e crônica desde criança, comprovado e tudo mais, além de várias internações quando criança, o fato de hoje em dia eu fumar um cigarro ‘pq’ apesar de eu não dever, eu quero. não tem nada a ver com eu furar fila”, diz ele em uma publicação.

Algumas horas antes, no dia 12, segunda-feira, o rapaz postou no seu perfil no Twitter uma pergunta para a comunidade virtual sobre como obter um laudo médico

O rapaz responde a questionamentos referentes ao laudo apresentado para a equipe de vacinação:

“Outra coisa, consegui o laudo com um médico sério e antigo, que já cansou de me atender de madrugada pq mora aqui perto de casa, eu não comprei e nem paguei (…)”, afirmou no Twitter.

Além de repercutir polemicamente nas redes sociais, internautas não perderam tempo e até produziram memes sobre a situação.

O rapaz fez uma série de postagens defendendo que tem, sim, uma comorbidade e, por isso, tem o direito de ser vacinado

Ele foi questionado e justificou porque fuma mesmo sofrendo de asma

As fotos e mensagens postadas em grupos de whatsapp e na rede social Twitter chegaram à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde. A promotora Fábia Nilci instaurou o procedimento nesta quarta-feira (14). Ela encaminhou ofício à secretária de saúde de Macapá, Karlene Lamberg.

No documento Nilci solicita a informação quanto à concretização da vacinação, e esclarecimentos acerca de qual documentação foi apresentada e se foi realizado o pré-cadastro.

Jovem alega que o laudo é lícito

Este não é o primeiro imbróglio na vacinação em Macapá. Na última segunda-feira (12), foi suspensa a imunização de outro grupo prioritário, os quilombolas e ribeirinhos, após denúncias e reclamações.

Para a promotora Fábia Nilci falta empatia geral com aqueles que são realmente prioridade nesse momento em que não há imunizante para toda a população.

“Qualquer um burla a respeito dessas priorizações será objeto de rigorosa investigação e de responsabilização por este órgão ministerial”, asseverou a promotora.

Se confirmada a aplicação indevida da dose, os denunciados serão notificados para prestarem esclarecimentos, em oitiva virtual.

Dependendo do resultado da investigação, os envolvidos poderão responder pelos crimes previstos no Código Penal Brasileiro, nos artigos: 301 (atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter um cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público ou qualquer outra vantagem); 302 (Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso); e 304 (Fazer uso de papéis falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 297 a 302).

Seles Nafes
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