Por SELES NAFES
Profissionais da segurança pública que não teriam o perfil de prioridade podem ter sido vacinados indevidamente contra a covid-19 no Amapá. É o que está afirmando o Ministério Público Federal (MPF) após receber denúncias. Os procuradores fizeram uma primeira apuração e agora questionam os critérios usados pelas polícias Civil e Militar para definir quem será vacinado.
Num ofício encaminhado aos órgãos de segurança, o MPF afirma que analisou listas de servidores e percebeu que há “falta de dados e de informações que justifiquem os critérios técnicos da escolha de servidores para imunização”.
O MPF lembra no documento enviado às forças de segurança que o Ministério da Saúde incluiu os profissionais de segurança pública na vacinação, desde que sejam aqueles que mais estejam expostos à doença, ou seja, “envolvidos no atendimento ou transporte de pacientes, em resgastes ou atendimento pré-hospitalar, na vacinação contra a covid-19 ou nas ações de implantação e monitoramento das medidas de distanciamento social”. Os demais servidores deverão ser vacinados de acordo com o andamento da campanha nacional.
No ofício enviado à Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), o MPF pede que a secretaria solicite do comando da PM e da Secretaria de Segurança Pública a lista dos servidores que já foram imunizados.
O delegado geral de Polícia, Uberlândio Gomes, que comanda a Polícia Civil do Estado, disse que ainda não foi notificado, mas afirmou que os policiais estão trabalhando dia e noite não apenas nas investigações, mas também em operações de garantia dos decretos. E que os agentes têm sido expostos diariamente ao contato com suspeitos investigados e possivelmente contaminados.
“Eu mesmo participei de uma prisão onde a esposa do suspeito me perguntou se o marido seria mesmo preso, porque ele estava com covid-19”, comentou o delegado.
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Vacinação de profissionais de segurança começou na semana passada
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Delegado geral Uberlândio Gomes: além do papel original. Foto: Marco Antônio P. Costa
“Daremos os devidos esclarecimentos quando o oficio chegar e continuaremos trabalhando. Além do nosso trabalho original, estamos indo pra rua fazer o trabalho ostensivo e fazendo até prisões por descumprimento dos decretos”, acrescentou Uberlândio.
A PM também não foi notificada. O setor de comunicação social da corporação informou que haverá um posicionamento público apenas quando o comandante geral, coronel Paulo Matias, estiver ciente do assunto.