Pacientes atendidos por acusada de ser falsa médica serão reavaliados

Durante 5 dias, Samantha Valéria receitou medicamentos. Secretaria de Saúde admitiu que houve falha na contratação e mudou protocolos
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Por SELES NAFES

Depois de ter contratado uma jovem acusada de ser uma falsa médica, a Secretaria de Saúde de Santana, cidade a 17 km da capital do Amapá, mudou todo o protocolo de contratação de profissionais, e agora fará uma busca pelos pacientes atendidos pela suposta médica, que foi demitida.

O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil, que até esta quarta-feira (14) ainda não havia tomado o depoimento de Samantha Valéria Souza, de 26 anos. O caso começou a ser investigado por uma delegacia de Macapá, que intimou a acusada a comparecer na semana passada a fim de prestar esclarecimentos. No lugar dela, no entanto, dois advogados foram até a delegacia alegando que ela estava com problemas de saúde.

O delegado José Neto, que iniciou a investigação, confirmou que Samantha não tem registro no CRM e não cursou medicina na Universidade Federal do Ceará, como mostravam documentos apresentados por ela. O CRM do Amapá também já disse que o registro que ela usava na verdade pertence a outro médico.

O inquérito foi enviado esta semana para 1ª DP de Santana, que assumirá as investigações.  

“Recebi os autos na segunda-feira (12). Tive um diálogo com a advogada e vamos marcar o depoimento para próxima semana”, adiantou o delegado Victor Crispim, que presidirá o inquérito.  

Receitas

‘Dra Samantha’, como chamam os amigos e até a defesa dela, ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto, e está reclusa, segundo informou uma fonte. Ela chegou a atender pacientes durante cinco dias na UBS do Distrito de Anauerapucu. Durante esse período, prescreveu medicamentos para vários pacientes.

Secretária de Saúde de Santana, Ithiara Madureira: protocolo mais rígido de contratação

O Portal SelesNafes.Com conversou hoje com a secretária de Saúde de Santana, Ithiara Madureira.

O que mudou nos procedimentos para a contratação de médicos e outros profissionais de saúde depois desse caso?

Nós criamos um departamento, onde a nossa secretária-adjunta faz toda a parte de entrevista, e ela envia esses candidatos para o setor responsável por bolsas ou contratos administrativos. Depois o processo vai para o RH, onde é feito todo o levantamento de informações. O RH procura saber se o profissional é cadastrado no Cnes (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e checa outras documentações…

Samantha: depoimento na semana que vem.  Foto: Reprodução

Mas isso não foi feito neste caso da suposta falsa médica?

Na pandemia tivemos a perda de médicos cubanos porque o CRM deles foi cancelado, e precisávamos de forma emergencial de médicos. Quando ela veio, vieram também outros médicos de Rondônia, Minas Gerais, Bahia, e só com ela deu esse problema. Como foi emergencial, ela também passou pela entrevista e quando chegou no RH, o pessoal viu que ela tinha os documentos e já deu a carta de apresentação pra ela ir até a unidade de saúde. Não deu tempo de o RH fazer o levantamento, que geralmente dura 10 dias. Quando o RH detectou, foi quando também o delegado (de polícia) já nos procurou.

É verdade que ela foi imunizada contra a covid-19?

Ela tomou só uma dose da CoronaVac

Durante quanto tempo ela trabalhou como médica?

5 dias. Quando houve a denúncia foi até bom, porque isso impediu ela de entrar no nosso sistema do RH e no sistema nacional. Afastamos ela imediatamente e ela não receberá salário. Soubemos que não é a primeira vez que ela faz isso. Estamos fazendo um levantamento e soubemos de outras situações em que ela se apresentou como outro tipo de profissional. Nós registramos boletim porque ela usou de má fé e ainda colocou em risco a vida das pessoas.

Victor Crispim conversou com advogada da suposta falsa médica. Foto: Rodrigo Índio

Pois é, ela chegou a prescrever medicamentos. Como estão esses pacientes?

Foram medicamentos simples, e ela sempre encaminhava o paciente para um clínico, sendo que ela era a clínica. Já temos outra médica que vai para a UBS do Anauerapucu. Ela vai fazer a reavaliação clínica dos pacientes que eram todos moradores da localidade. São pessoas que convivem diariamente lá na UBS. Se fossem pacientes de outras localidades seria mais difícil. Até agora não tivemos nenhum problema, graças a Deus. Foi uma falha, mas agora estamos atuando de forma mais rígida nas contratações. Agora, a carta de apresentação não é mais dada na hora, só depois que tudo for checado.  

Seles Nafes
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