Por RODRIGO ÍNDIO
“Não existe partida para aqueles que permanecerão eternamente em nossos corações”. Foi pensando assim que o artista plástico Itabaracy Fernandes Viana, de 29 anos, criou o projeto ‘Inesquecíveis’, que homenageia pessoas que perderam a guerra contra o coronavírus no Amapá. Para isso, ele resolveu imortalizar as vítimas com obras realistas feitas a lápis ou tinta óleo.
O objetivo é bem simples: levar um pouco de alento para as famílias enlutadas através da arte, que custeia com a venda de doces. Mesmo passando por dificuldades impostas pela vida, Itabaracy se dedica, através de seus desenhos, a amenizar a dor da perda de alguém amado.
A ideia surgiu quando ele quis presentear a tia após seu tio falecer de covid-19, em maio de 2020.
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O projeto Inesquecíveis homenageia pessoas que perderam a luta para o coronavírus. (Foto: Rodrigo Índio)
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Itabaracy afirma já ter feito mais de 30 desenhos e entregue a familiares. (Foto: Rodrigo Índio)
Com a boa aceitação que a iniciativa teve, o artista decidiu levar o trabalho a outras pessoas. Com isso, fez uma publicação no Facebook. A divulgação rendeu, e ele fez cerca de 30 obras. Os trabalhos e as entregas ocorreram de forma gratuita.
“As pessoas ficam gratas, e até choram com a homenagem. É feita de coração e muito me orgulha ver esse sentimento de retribuição”, detalhou Itabaracy.
Desempregado e fazendo bico uma vez por semana como assador de churrasco, o artista encontrou na venda de jujuba e paçoca nas ruas de Macapá um meio de ir comprando aos poucos o material que precisa. A última remessa das guloseimas foi comprada por sua mãe.
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O jovem começou com uma homenagem ao tio, mas o desenho fez sucesso nas redes sociais e ele decidiu expandir o projeto… (Foto: Rodrigo Índio)
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…, porém, para continuar, ele tem vendido paçoca e jujuba nas ruas de Macapá a fim de comprar os materiais que usa. (Foto: Rodrigo Índio)
Entretanto, mesmo com todo esforço, o que ganha não tem sido o suficiente para as despesas com a produção das obras.
Os materiais usados para as telas e desenhos estão se esgotando. Faltam lápis de desenho 2B, 4B, 6B e 8B; papel tela, onde 10 folhas custam de R$ 20 a R$ 30; telas de primeira linha, onde cada uma custa de R$ 30 a R$ 40; tinta óleo de 20ml, que custa R$ 6; e verniz e diluente.
“Vendo uma paçoca num valor simbólico de R$ 0,50 a R$ 1 para custear o material e ajuda bastante. Me revezo nas vendas e na criação de conteúdo que levo de 10h a 12h para fazer cada um. Faço pelo menos três em uma semana”, disse.
Desenhando desde os 10 anos, ele afirma que mesmo com os tempos difíceis não desistirá.
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Quem quiser colaborar com o jovem pode entrar em contato e fazer doações. (Foto: Rodrigo Índio)
“Nem que eu pinte com carvão, vou continuar. Peço para quem quiser fazer essa homenagem para alguém da família, que me procure no Facebook ou no WhatsApp (96) 9 9157-0138, farei de coração e gratuitamente. Mande também uma descrição de como o parente foi em vida, gosto de me sentir ligado a pessoa”, finalizou.
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O repórter cinematográfico, Márcio Bacelar, vítima da covid-19, também foi homenageado pelo artista.
Quem quiser contribuir com doações de materiais ou doces para o projeto, pode entrar em contato com os dados acima.