Casos de sarampo em 2021 já superam números de todo ano de 2020

Até maio de 2021 são 320 casos, número superior aos 297 registrados durante todo o ano de 2020.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O sarampo se tornou uma séria ameaça à população amapaense com o grande crescimento no número de casos confirmados neste início de ano, segundo dados da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) – órgão estadual.

Até maio de 2021, 320 casos foram registrados. O número é superior aos 297 registrados durante todo o ano de 2020. Atualmente, de acordo com a SVS, ainda há 18 casos em análise epidemiológica.

Se for considerado o número de 2019, quando foram registrados apenas 2 casos, o crescimento é de 16.000%, ainda que, para efeitos de análise epidemiológica, o mais preciso e correto é a comparação com 2020, quando se inicia o surto de sarampo no Amapá.

O ano de 2019 foi o que registrou o indesejado retorno da doença ao Brasil e ao Amapá, fato que não ocorria há 20 anos. No Estado não há a confirmação de nenhum óbito, mas o sarampo é uma doença perigosa que pode levar à morte.

Vacinação baixa

Dentre as causas que contribuem para o crescimento elevado, está o baixo índice de vacinação da população.

Segundo a SVS, a taxa de vacinação de primeira dose (D1) no Amapá é de 10,85% e de segunda dose (D2) é de 4,66%. Andréia Marvão, coordenadora estadual de imunização, afirma que não falta vacinas contra o sarampo e que o Estado do Amapá encaminhou à todos os municípios vacinas para D1 e D2.

Durante a vacinal varredura, não foram apenas crianças de até cinco anos as que únicas a serem vacinadas, mas também adultos. Fotos: Ascom/GEA

A baixa procura pode ter relação com a pandemia de covid-19, já que as vacinas contra o sarampo estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a população pode ter receio de ir até às unidades.

Outra hipótese destacada pelos técnicos da SVS é a própria desinformação ou a ultrapassada e errada ideia de que o sarampo não representa um perigo real à saúde dos pessoas – os números atuais dizem justamente o contrário.

O coordenador da unidade de doenças transmissíveis da SVS, João Farias, explicou que o Estado fez, no início do ano, uma varredura vacinal (foto de capa) em sete municípios amapaenses, incluindo os da região metropolitana e os de fronteira, e 100 equipes visitaram pessoas de casa em casa para aumentar a cobertura vacinal e catalogar casos de sarampo.

Neste caso, não foram apenas crianças de até cinco anos as que únicas a serem vacinadas, mas também adultos, o que não consta nos dados do SUS de D1 e D2 aplicadas. Os outros municípios também irão receber ações do Estado nos próximos meses, e João fala sobre a estratégia da vigilância em saúde para tentar enfrentar o surto atual.

“Os municípios precisam trazer a pauta do sarampo como um problema de saúde pública tão grave e tão prioritária quanto a covid. Essa é a primeira sugestão. Tem que abrir todas as salas de vacina de segunda à sexta, sábado, domingo, fazer chamados à população, principalmente as crianças e os pais levarem para fazer, fazer ações, assim como há o ´dia D´, ou seja, temos a vacina, mas por si só não resolve o problema. Cada município tem que fazer uma análise da sua cobertura e oferecer, oferecer o máximo de postos possíveis o ano inteiro e falar muito sobre sarampo”, opinou João Farias.

A SVS planeja atuar com esta estratégia durante todo o restante do primeiro semestre, com a intenção de segurar estes números.

Seles Nafes
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