Com 12 filhos e 23 netos, vendedora de café garante: ‘sou grata’

Demitida, Nazaré encontrou na venda de café o sustento para a família. (Foto: Rodrigo Índio)
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Por RODRIGO ÍNDIO

Todos os dias, Nazaré Trindade Ferreira, de 50 anos, acorda antes de o galo cantar. Depende muito da maré, já que muitos clientes são pescadores. Seja 3h ou 4h da madrugada, ela sai com seus saborosos produtos e arma sua barraquinha de café da manhã, que nos últimos meses está sendo sua salvação.

O local escolhido é a calçada da Feira do Pescado no Bairro Perpétuo Socorro, zona leste de Macapá. Há 3 anos, ela começou com o negócio para os filhos, enquanto trabalhava de serviços gerais em uma autoescola. Com a pandemia ela foi demitida e o desespero aumentou. O jeito foi assumir os negócios e os filhos irem atrás de bicos para o interior. Passado um ano de pandemia, a simpática vendedora conta que não vem enfrentando dias fáceis, mas garante que não vai desistir.

“Já deixei de comer para colocar na boca dos meus netos e não me arrependo, meus filhos se viram também. Jamais vou deixar as crianças com fome. Já passei dias sem alimento, mas eu agradeço a Deus por tudo, principalmente pela vida”, disse sorridente.

A mãe e avó conta que já ficou sem comer. (Foto: Rodrigo Índio)

Com o auxílio emergencial do governo, no valor de R$ 150, ela mal consegue comprar mantimentos. No dia 21, quando ela conversou com o portal, disse que faturou para garantir o almoço e jantar.

“Sou mãe de 10 filhos de sangue e 2 de coração. Aqui, se ganho R$ 10 sou grata. Lá por casa ficam a maioria dos netos, já que não tão estudando na escola. Tive uma neta que teve recentemente um AVC, mas me apego com Jesus que é o recurso mais forte que tenho na vida”, comentou Nazaré, que além dos filhos, tem 23 netos.

A ambulante, que perdeu muitos familiares na pandemia, lamenta ainda não ter sido vacinada contra a covid-19, assim como os outros trabalhadores da Feira do Pescado. A falta de apoio indigna quem trabalha ali.

“Estamos esquecidos aqui no Igarapé pelos nossos governantes. Quero que olhem pra nós porque também somos gente e eleitores. A gente trabalha direto com o público e mesmo assim não fizeram sequer uma testagem na gente, nem uma cesta básica deram”, relatou.

Nazaré não parou de trabalhar um dia sequer no período pandêmico. Ela é uma das muitas pessoas que ficam desassistidas neste momento delicado.

Com a pandemia as coisas ficaram mais difíceis… (Foto: Rodrigo Índio)

…quem quiser ajudar Nazaré pode entrar em contato com a senhora. (Foto: Rodrigo Índio)

“Quem puder, passe aqui comigo do lado da feira para tomar um café e bater um papo. Vou receber todos com maior carinho. Se alguém me oferecer uma cesta básica, se eu aceito? Claro que sim, de coração. Basta me ligar pelo [96] 99184-1932”, finalizou.

Amanhã, faça chuva ou sol, Nazaré estará lá, no mesmo lugar com seu saboroso café da manhã.

Seles Nafes
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