Moradores em situação de rua são priorizados em Macapá

Ação ocorreu nesta quarta-feira (12) Centro Pop, no Bairro Perpétuo Socorro, zona leste da capital do Amapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

A população que vive em situação de rua na cidade de Macapá começou a ser vacinada nesta quarta-feira (12) contra o novo coronavírus. A imunização foi direcionada aos acolhidos pelo Centro Pop, no Bairro Perpétuo Socorro, zona leste da capital. A ação ocorre somente hoje.

Cerca de 50 a 60 pessoas cadastradas na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) que integram este grupo, além de servidores que realizam o trabalho direto com os usuários, estavam aptas a receber o imunizante.

O primeiro a ser vacinado foi Márcio Maciel, de 45 anos. Natural de Manaus (AM), ele está no Amapá há uma década. Veio por uma promessa de emprego. Aqui, construiu família e teve dois filhos até que o alcoolismo e as drogas entraram em sua vida.

Ele está fora do lar há dois anos. Recentemente entrou em um centro de recuperação e hoje tenta dar a volta por cima. Todos os dias ele precisa fazer um bico para pagar a diária de R$ 20 de um quarto e se alimenta no Centro Pop. Márcio ficou aliviado com a vacina.

“Essa vacinação me fez pensar que sou gente, e que vale a pena mudar de vida. Tanta gente querendo, e lembraram de nós. É um privilégio. Vim cedo porque tenho que ir correndo atrás de algum bico por aí. A vida não é fácil, mas precisamos seguir. Estou feliz”, garantiu Márcio.

Márcio Maciel: “Tanta gente querendo, e lembraram de nós. É um privilégio”. Fotos: Rodrigo Índio/SN

O indígena Irapuan Cardoso, de 41 anos, foi o segundo a ser vacinado. De uma região próxima da cidade de Calçoene, o desempregado disse ser grato pela vacina que recebeu devido ter familiares falecidos na pandemia.

Irapuan: “É muito gratificante pra mim está vivendo esse momento de cidadania”

“Eles se cuidavam tanto e morreram, me doeu muito. Eu, mesmo estando na rua nunca peguei esse vírus graças a Deus. É muito gratificante pra mim está vivendo esse momento de cidadania”, comentou o Irapuan.

Cristiane Marreiros dos Santos, de 43 anos, mora em situação de rua desde o início da pandemia devido ao vício, também com álcool e drogas. A mulher tem dois filhos, um deles autista, de 5 anos, e vive da venda de latinhas e diárias. Ela teve uma grande perda na família recentemente.

Cristiane é imunizada

Cristiane: “Estou tendo a oportunidade hoje do que minha mãe não teve”

“Faz um mês que minha mãe morreu de covid aos 76 anos. Estava prestes a ser vacinada pós covid, mas teve complicações e não resistiu. Estou tendo a oportunidade hoje do que minha mãe não teve. Fico feliz por mim e triste porque lembro dela. Mas vamos ser gratos pela vida”, falou.

Nenhum doa entrevistados teve covid-19. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), o início do esquema vacinal deste grupo está inserido no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Vacinação ocorreu…

… no Centro Pop

Patrícia Ferraz, secretária municipal de Assistência Social

A lista com o nome dos habilitados a receber a primeira dose do imunizante foi montada pelo Centro Pop. A vacina usada neste grupo é a Oxford/AstraZeneca. A D2 ficou marcada para o dia 4 de agosto.

“É muito importante porque essas pessoas estão diariamente na rua. São pessoas em vulnerabilidade social e de alto risco de contaminação”, destacou a secretária da Semas, Patrícia Ferraz.

Seles Nafes
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