Uasei: açaí indígena gera renda a famílias e sustentabilidade no Amapá

A produção é vendida em frascos de 1 litro no Oiapoque. Foto: Instituto Iepé
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Um projeto piloto de geração de renda e maior aproveitamento econômico e sustentabilidade começou a processar e beneficiar açaí coletado por famílias da Terra Indígena Uaçá: é o Uasei, o açaí dos povos indígenas do Oiapoque, no extremo setentrional do Amapá.

Uma batedeira foi instalada na Aldeia Manga, onde o açaí comprado das aldeias começou a ser batido e vendido na região e na cidade de Oiapoque. O projeto é uma parceria entre órgãos estatais e também organizações não governamentais e os principais interessados e envolvidos na ação, os povos indígenas.

“Esse projeto faz parte da implementação do plano de gestão territorial e ambiental e por meio do apoio das atividades produtivas, sustentáveis e coletivas, fruto da parceria entre o CCPIO, Funai, TNC e Iepé, com objetivo principal de buscar fontes de renda alternativas para os povos indígenas, que conciliem a preservação da floresta e o açaí, que é um alimento da cultura deles, que já consomem. Valorizar esse alimento e gerar renda”, declarou Ana Carolina, assessora do Iepé.

A produção é toda feita em frascos de um litro… Foto: Instituto Iepé

Com três semanas de funcionamento, três aldeias – Açaizal, Kurupi e Arrumã, da etnia Karipuna – duas da BR-156 e uma do Rio Uaçá, foram as que começaram a ter seus produtos comprados. A ideia é fazer um rodízio entre as dezenas de aldeias da região, de modo que todas possam ter sua produção comprada.

Já no começo do projeto, cinco jovens indígenas foram contratados e são os responsáveis pela batedeira. Cada saca de açaí é comprada pela “vitaminosa” instalada no polo Manga por R$ 80,00 e o custo do frete do produto da aldeia de origem até o KM-18, é dividido meio a meio.

É uma grande diferença para a etapa anterior, pois antes, o preço por cada saca de açaí na região era de, a depender da sazonalidade do produto, R$ 60, ficando o custo pelo frete exclusivamente para os indígenas.

…que antes passam por um rigoroso processo de beneficiamento. Foto: Instituto Iepé

Beneficiamento

Mas o produto não é apenas batido. Não se trata de industrialização de alta complexidade, no entanto, o produto passa pelo processo de “branqueamento” antes de ser batido, para garantir a higienização do Uasei.

“A gente tem a máquina de branqueamento, que consiste em esquentar a água, que chega a 80°, 60°, e a gente coloca por 5 segundos o fruto e depois jogamos o transferimos para a água gelada, então, esse é um choque térmico que a gente realiza, chamado de branqueamento, feito para que fungos, bactérias, insetos, bicho barbeiro e qualquer tipo de doença, pragas, que estejam juntos desse fruto sejam eliminados”, contou Ana Carolina.

A produção é em frascos de 1 litro e dois comércios e uma farmácia de Oiapoque já estão revendendo o Uasei.

Já no começo do projeto, cinco jovens indígenas foram contratados. Foto: Instituto Iepé

Famílias indígenas estão tendo com o açaí sua principal fonte de renda. Foto: Instituto Iepé

Desafios

A meta inicial era de produzir 200 litros semanais, mas os organizadores do projeto já perceberam que a cadeia do açaí tem suas peculiaridades. Como é um produto do homem da floresta, assim como ocorre com o ribeirinho da região das ilhas que abastece boa parte de Macapá com açaí, quando amanhece chovendo muito, por exemplo, a produção é menor ou inexistente, pois tanto ribeirinho quanto indígena evitam ir para mata pegar açaí quando chove.

“A ideia dessa batedeira no [Km]18 é quais vão ser os resultados dela, os desafios a gente já está percebendo alguns, mas o intuito é de expandir os negócios, o mercado. A gente pretende vender para outras regiões e beneficiar a todos”, concluiu Ana Carolina.

Seles Nafes
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