As reações da AstraZeneca e os ‘sommeliers’ de vacina

O imunizante inglês é o mais aplicado no Amapá até aqui.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Dor e sensibilidade no braço, febre, fadiga e muito sono, dentre outras reações, têm sido descritas por muitos amapaenses que tomaram a vacina AstraZeneca, o imunizante mais aplicado no Amapá até aqui e que deverá continuar chegando em boas quantidades nas próximas semanas.

O fenômeno tem gerado os chamados “sommeliers” de vacina, ou seja, pessoas que elencam uma ou outra vacina preferida, querendo escolher qual tomar.

O Portal SelesNafes.com conversou com especialistas que explicaram os motivos das reações, os cuidados que devem ser tomados e também a eficiência das vacinas que estão sendo aplicadas.

Em primeiro lugar, a coordenadora da imunização do Estado do Amapá, Andréa Marvão, ressalta que as três vacinas utilizadas até o momento no país (Coronavac, Astrazeneca e Pfizer), são utilizadas em centenas de países, passaram por rigorosos testes e, por isso, são seguras e eficientes.

“Todas as vacinas são seguras, foram testadas, elas são liberadas após rigorosa análise dos órgãos sanitários, entre eles a ANVISA”, declarou Marvão.

A Coronavac, produzida no Instituto Butantan, em São Paulo, utiliza a tecnologia mais tradicional na fabricação de vacinas: a do vírus inativado. Fotos: Arquivo/SN, Divulgação e Ascom/GEA

No entanto, como as três têm mecanismos diferentes de atuação e os organismos das pessoas são diferentes uns dos outros, reações podem ocorrer.

A Coronavac, produzida no Instituto Butantan, em São Paulo, utiliza a tecnologia mais tradicional na fabricação de vacinas: a do vírus inativado. A AstraZeneca, que leva o nome da empresa farmacêutica que a produziu em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, é envasada na Fiocruz no Brasil. Esta utiliza a tecnologia conhecida como vetor viral. O adenovírus, que infecta os chimpanzés, é manipulado geneticamente para que seja inserido o gene da proteína Spike do Sars-CoV-2.

Por fim, a Pfizer, americana produzida em parceria com o laboratório alemão Biontech, utiliza a tecnologia do RNA mensageiro. Basicamente, o RNA mensageiro sintético dá instruções ao corpo humano para a produção de proteínas encontradas no covid-19, o que estimula o sistema imunológico do ser humano.

, a Pfizer, americana produzida em parceria com o laboratório alemão Biontech, utiliza a tecnologia do RNA mensageiro

Os três imunizantes têm se demonstrado eficazes, inclusive, contra as novas variantes que têm surgido, como a Delta que apareceu pela primeira vez na Índia e a chamada variante inglesa.

A metodologia utilizada pela Astrazeneca tem apresentado uma quantidade maior de reações. Na internet, a situação virou brincadeira e memes, que dizem que “a AstraZeneca antes de te imunizar, ela te humilha”, em referência às reações adversas.

Margarete Gomes, que é farmacêutica e doutora em doenças infecciosas, trabalha na Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS). Ela explicou alguns dos aspectos.

A mesma vacina pode fazer com que uma pessoa fique doente por um dia e outra se sinta totalmente bem

“Efeitos colaterais leves ou moderados da vacina podem ser esperados. Cada pessoa é diferente. A vacina é um indutor da resposta imune individual de cada pessoa, e a formação dessa resposta pode apresentar reações adversas ou não. E, assim, obtemos a proteção”, explicou.

Ela ressaltou que a mesma vacina pode fazer com que uma pessoa fique doente por um dia e outra se sinta totalmente bem. Isso acontece porque é uma forma do corpo reagir contra a substância injetada (a vacina), criando anticorpos contra, descreve farmacêutica.

“Essas manifestações podem aparecer no momento da aplicação ou entre 24 e 48 horas depois, mas duram poucos dias. Sensibilidade e inchaço no local da injeção, além de febre baixa e dor no corpo, são as reações mais frequentes”, esclareceu Margarete.

Os médicos orientam que dipirona e paracetamol são os medicamentos mais indicados para combater os sintomas e, em caso de maior gravidade por mais de dois dias, a orientação é sempre de buscar uma unidade de saúde ou o médico particular da pessoa.

‘Sommeliers’ de vacinas

De acordo com os especialistas, comparações para tentar eleger qual a melhor vacina e, portanto, a escolha sobre qual tomar como se faz com vinho, é desaconselhada.

Amapá já recebeu 187.300 doses da AstraZeneca, 131.600 doses de CoronaVac, e 18.720 doses da Pfizer

Os imunizantes foram desenvolvidos a partir de técnicas diferentes e testados em momentos, locais e em populações com níveis de exposição ao vírus também diferentes. O que deve se perseguir, que é realmente importante, é se pessoa está vacinada ou não, e se as mesmas são eficazes, que é o caso das três utilizadas atualmente no Plano Nacional de Imunização.

Segundo a SVS, o Amapá já recebeu 187.300 doses da AstraZeneca, 131.600 doses de CoronaVac, e 18.720 doses da Pfizer. Com mais de 800 mil habitantes, a grande maioria do povo amapaense ainda não tomou sequer uma dose, assim como a maioria do povo brasileiro.

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