Com 120 denúncias, dono da Primal é preso em Macapá

Momento da chegada à Decon. Ele foi preso na sede da empresa no Bairro Infraero II, zona norte de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O proprietário da empresa Primal, que vendia materiais de construção abaixo do preço de mercado e não entregava os produtos aos clientes, foi preso nesta segunda-feira (28) na sede da empresa no Bairro Infraero II, zona norte de Macapá.

Raphael Rodrigues, de 34 anos, foi capturado em ação da Polícia Civil (PC) em conjunto com o Procon. Outros três mandados de busca apreensão foram cumpridos e documentos e computadores foram apreendidos. Alguns funcionários da empresa também foram até a delegacia para prestar esclarecimentos.

A empresa já havia sido alvo de notificações e de uma ação de interdição acompanhada com exclusividade pelo Portal SelesNafes.com, no dia 4 de junho. No entanto, mesmo assim, o empresário seguia aplicando golpes, segundo informou a delegada Janeci Monteiro, da Delegacia do Consumidor (Decon), que realizou a ação.

“Nós tínhamos conhecimento de 120 Boletins de Ocorrência, com número exponencial, crescendo. Começou com 39, foi quando entramos com o pedido de representação [pela prisão preventiva], quando pesquisamos uma semana depois já estava em 89, na sexta-feira, quando a gente pesquisou já estava em 120”, contou a delegada.

Delegada Janeci está à frente do caso. Foto: Arquivo/SN

Como o esquema funcionava?

A empresa tem sede no bairro Infraero II, onde há a matriz e algumas filias, anexos, com fachadas que se destacam no perímetro.

Além da fachada, o grande número de funcionários – 28, sendo 5 seguranças – repassava certa credibilidade. O empresário comprava areia, tijolos e outros materiais de construção no mercado local e anunciava e vendia com preços muito inferiores. Com isso, obviamente, não conseguia realizar as entregas.

A principal sede da empresa já havia sido …

… interditada e lacrada. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

O Procon participou da operação e verificou que não havia nenhum estoque. Com o preço abaixo do mercado, a Primal exigia o pagamento adiantado e aí o golpe estava realizado, disse a polícia. Era quando se iniciava a via crucis de quem era enganado, com a peregrinação diária até a empresa e prazos e mais prazos sendo repassados aos clientes. Prazos não cumpridos, segundo pelo menos 120 vítimas que até agora oficializaram denúncia.

“O tijolo, ele comprava por R$ 1.200 e estava vendendo a R$ 900. Ele confessou e falou que buscava fazendo muitas vendas captar dinheiro para comprar o produto dos clientes que já tinham anteriormente feito a compra”, relatou Janeci Monteiro.

A delegada afirmou que além dos 120 boletins de ocorrência, o proprietário admite a existência de 220 pessoas prejudicadas pelo esquema, número que a PC acredita ser ainda superior.

Fiscais do Procon no dia da interdição

Ameaça

Para o pedido de prisão, além da enorme quantidade de reclamações, também pesou uma ameaça sofrida por uma pessoa que foi prejudicada.

“Eles [clientes enganados] se organizaram e montaram um grupo de whatsapp e lá eles se comunicavam. Achamos que ele [proprietário] conseguiu se infiltrar aí nesse grupo de lá e mandou para uma vítima dizendo que poderia dar sumiço num deles”, contou a delegada.

O empresário já está no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) e é acusado de três crimes: crime tributário, com a não emissão de nota fiscal ao consumidor e crime contra relações de consumo, induzindo o consumidor a erro por falsa veiculação publicitária e, por fim, estelionato.

Seles Nafes
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