Com medo da violência, profissionais de saúde ameaçam abandonar postos

Situação estaria cada vez mais frequente, tanto nas unidades de Macapá, quanto do interior.
Compartilhamentos

Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP) faz um alerta para casos de violência realizados contra os profissionais da saúde no Amapá, tanto na capital quanto no interior.

As ameaças de morte, de agressões, assaltos e até tentativa de estupro, além outras formas de intimidações, a maioria feita por acompanhantes de pacientes, já estariam interferindo até no serviço, pois, com medo após as promessas de violência, alguns profissionais não estariam mais querendo trabalhar em algumas unidades.

Para o presidente do CRM, Dr. Eduardo Monteiro, os problemas estão tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), quanto nas unidades do Estado, como o Hospital de Emergências de Macapá (HE).

“Eu posso falar porque quando eu estive na Prefeitura Municipal de Macapá [como secretário de saúde], nós tivemos problemas desse tipo. Na época, foi feito um ofício ao comandante da Polícia Militar no sentido que fizesse a segurança das unidades de saúde porque estava havendo muita tentativa de agressão à profissional médico e a resposta foi que eles não tinham contingente”, declarou Eduardo Monteiro.

Ameaças no HE

O médico relatou que trabalhou no HE, onde foi diretor entre 2016 e 2017, e, no período, houve uma tentativa de homicídio contra um profissional.

Presidente do CRM, Eduardo Monteiro

Com a pandemia, diz o presidente do CRM-AP, a situação agravou-se, pois havia dois policiais que ficavam de dia e também durante a noite no local, o que não estaria mais ocorrendo. O detector de metais do HE, também afirmou Monteiro, não teria muita função, pois “todo mundo passa ali quando quer”, relata o médico.

“Recentemente, nós tivemos uma situação com um profissional que foi ameaçado lá dentro da tenda que fica na frente do HE e ele acabou precisando sair do plantão, ele não está nem prestando mais serviço lá em função disso. Na outra semana, outro profissional que estava lá no consultório, adentrou uma pessoa, fechou a porta e perguntou pelo outro profissional, que já tinha sido ameaçado. O colega que estava lá falou ‘ele não trabalha mais aqui’ e disse crer que trabalhava no HU, e ele falou para o colega que estava lá porque tinha sido contratado para matá-lo”, revelou o presidente do CRM.

Outro caso que chamou a atenção do CRM ocorreu em 2019, quando uma médica foi vítima de tentativa de estupro na UBS Marcelo Cândia, na zona norte de Macapá, que não ocorreu porque a médica lutou e conseguiu pedir ajuda.

Outros casos ocorreram, como o roubo de um carro de uma médica realizado este ano em uma unidade de saúde do município na zona norte de Macapá. Houve, também, o caso da depredação do Hospital de Santana, em 2020.

Para o CRM, isto tem relação com as condições de trabalho e vários profissionais podem acabar abandonando seus postos por falta de segurança, como já ocorreu em alguns casos.

O conselho tem buscado as autoridades estaduais e dos municípios para cobrar atenção para a segurança não apenas dos médicos, mas de todos os profissionais de saúde e usuários.

Resposta do Estado

A Secretaria de Saúde do Estado do Amapá (Sesa) informou que se reuniu, na manhã desta sexta-feira (11), com o secretário de segurança Carlos Souza e, fruto da reunião, policiais militares já retornaram para o HE. A Sesa explicou que os policiais tinham saído do posto permanente por conta da exposição à covid-19, mas que sempre houve a orientação de contato via rádio com viaturas que fazem a ronda próximo à unidade.

Reunião com secretário de segurança que determinou reforço da PH no HE

A Sesa também informou que a entrada lateral, da Mendonça Júnior, conta com segurança patrimonial e que há monitoramento interno por câmeras em todo o hospital. Sobre o fluxo de pessoas, a secretaria informou que um contrato havia terminado e agora já foi renovado, o que vai melhorar o controle de entrada e saída de pessoas e a utilização correta do detector de metais, que está funcionando normalmente, mas que necessita deste suporte humano para que o seu funcionamento seja prático e efetivo.

Quanto à ameaça sofrida por um médio dentro da unidade, a secretaria informou que há um boletim de ocorrência sobre o assunto.

PMM

A Prefeitura Municipal de Macapá (PMM) foi procurada e até o fechamento desta edição não se pronunciou.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!