Por SELES NAFES
Os seis primeiros meses de 2021 foram pra lá de turbulentos para o atual prefeito de Macapá, Dr Furlan (Cidadania), que nesta quinta-feira (1º) completa o primeiro semestre de governo. Com muita dificuldade para manter o ritmo de funcionamento com que recebeu a prefeitura do antecessor Clécio Luís, o novo prefeito tomou decisões equivocadas, comprou briga com professores e guardas municipais e ainda editou decretos na contramão do combate à pandemia do novo coronavírus, entre outras coisas.
Um dos primeiros atos, no início de janeiro, foi mandar fechar a Policlínica Papaléo Paes, que já estava pronta pra funcionar, alegando que era preciso fazer alguns acabamentos. No início de junho, o prefeito fez questão de reinaugurar o local com uma única novidade, o nome: Centro de Especialidades Papaléo Paes. Quando o assunto é saúde, Centro de Especialidades é o mesmo que Policlínica. Quase um eufemismo.
Outra obra da saúde que ele mandou paralisar, alegando que era necessário fazer “ajustes no projeto”, foi a UBS do Infraero II, na zona norte de Macapá. O atendimento está transferido até hoje para a UBS do Bairro Amazonas.
Vacinação
O início da vacinação foi um grande tormento para o macapaense, especialmente os mais idosos que precisaram dormir em filas para conseguir a primeira dose. Também houve denúncias e flagrante da chamada “dose fantasma”, quando o técnico finge que aplica o imunizante.

Idosos dormiram em filas à espera da vacina. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Momento em que técnica não injeta o imunizante foi filmado pela família da idosa
Também houve muitas reclamações de voluntários das equipes de aplicação das vacinas. Falta de banheiros e até de água e alimentação motivaram as reclamações.
A chamada para vacinação em massa no Amapá Garden Shopping foi outra canelada que rendeu até puxão de orelha do Ministério Público por causa da enorme aglomeração gerada.
Categorias
Cortes nos salários da Guarda Municipal enfureceram a categoria que protestou diversas vezes, assim como os professores que entraram em greve quando Furlan anunciou a volta das aulas presenciais. A briga só terminou com a promessa de vacinação dos professores.

Guardas protestaram após corte nos salários
Decretos e pandemia
A tensão com o governo do Estado foi intensificada na edição de decretos que divergiam em medidas sanitárias. Enquanto o decreto do governador Waldez Góes (PDT) mantinha academias fechadas com o crescimento de casos de covid-19, o decreto de Furlan liberou o segmento para funcionar.
O gesto dividiu a opinião pública num momento em que a ocupação de leitos em UTIs estava perigosamente perto do limite.
A ampla distribuição de produtos sem eficácia comprovada, como a ivermectina, também gerou debates nas redes sociais, e foi amplamente massificada pela máquina municipal.

Decretos diferentes dos decretos do governo geraram debates

Distribuição de produtos sem eficácia comprovada contra a covid
Racha interno
A disputa de poder na equipe de primeiro escalão também chamou a atenção. Além de Gilvam Borges e João Henrique Pimentel, os “homens fortes do governo”, a secretária de Planejamento, Fernanda Veiga, acumulou reclamações e desafetos entre os colegas.
Acusada de autoritarismo e de pouco trato nas relações com os demais secretários, ela ainda empregou parentes em diversos órgãos.
Pontos positivos
Um dos poucos pontos positivos deste início de gestão foi a continuação de frentes que tinham sido iniciadas por Clécio Luís e que já resultaram em inaugurações, algo extremamente raro para qualquer início de mandato.
Com dinheiro em caixa e finanças equilibradas graças à gestão passada, Dr Furlan conseguiu entregar obras como arenas de futebol, quadra pública de tênis, Shopping Popular e o Centro de Acolhimento Infanto-Juvenil.

Houve inaugurações de obras iniciadas pelo antecessor
Com a prefeitura adimplente para receber recursos de emendas parlamentares, foi possível assinar ordens de serviço para mais obras, como a construção de um espaço de lazer ao lado do Complexo Beira-Rio.
Resta saber se a equipe da Semob está afinada para tocar as novas obras até o fim. O macapaense está de olho e cada vez mais impaciente com a lentidão do poder público.