“Dedico ao meu avô que partiu por covid”, diz caloura de medicina Unifap

Layla Talissa Costa Ferreira foi aprovada em segundo lugar para turma do segundo semestre de 2021 da Universidade Federal do Amapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

De todas as tradições deste canto do país, especialmente de Belém (PA) e de Macapá, uma das que mais emociona é a da comemoração da aprovação no vestibular. Por trás de cada aluno aprovado, há uma história de superação e, geralmente, algum arranjo familiar especial que levou a tão aguardado momento.

Sem demérito de nenhum outro curso ou faculdade, quando se trata do concorrido curso de medicina – infelizmente com poucas vagas em todo o país –, e em universidades públicas, como as Federais do Pará (UFPA) e do Amapá (Unifap), a vitória tem um gosto muito especial.

Após algumas tentativas e de chegar muito perto da aprovação em universidades como a Unicamp (SP), a estadual do Rio (Uerj) e a própria Unifap, chegou o grande dia para Layla Talissa Costa Ferreira, de 21 anos. Ela passou em segundo lugar para o segundo semestre da turma de medicina. o resultado foi divulgado nesta tarde de sexta-feira (18).

A festa na sua casa, como ocorre sempre neste extremo setentrional, foi apoteótica. Não pode faltar, é claro, o tradicional carimbó do Pinduca, a Marcha do Vestibilar: “Alô, alô, alô papai, alô mamãe, põe a vitrola pra tocar, podem soltar foguetes, que eu passei no vestibular!”.

Sua mãe, Liliane Ferreira Mayse, que foi sua grande incentivadora, não conteve as lágrimas. Felicidade igual ao do pai Reginey Ferreira, da avó Arlete Pelaes e de todos os demais.

Mais feliz, porém, só mesmo a Layla. Depois de chegar muito perto várias vezes, aguentou vozes que a desestimulavam, noites em claro e maratonas de estudo para chegar na tão sonhada aprovação.

Ela lembrou do seu avô, o piloto João Oliveira, que se foi este ano levado pela covid-19. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Layla comemorando com sua mãe, Liliane, avó Arlete Pelaes e tio Marco

Outro grande incentivador, que tinha nesse momento um dos grandes sonhos, seu avô João Oliveira, com quem ela morava, acabou não resistindo à covid-19 e foi ter com os pássaros no céu azul de março, que, como piloto de avião, tanto amava.

“Estou muito feliz. Dedico ao meu avô que partiu por covid, mas que com certeza está feliz e aqui com a gente. Dedico à minha mãe, que muito me ajuda, ao meu pai e a todos que ajudaram. É uma emoção grande”, contou a caloura.

Comemoração não tem hora para terminar

Seles Nafes
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