Por RODRIGO ÍNDIO
A Polícia Civil do Amapá indiciou duas mães, de 20 e 22 anos, que deixaram 7 crianças abandonadas, nuas, famintas, desidratadas e trancadas em um casebre repleto de lixo no Bairro Marabaixo 4, zona oeste de Macapá.
As crianças foram resgatadas na última sexta-feira (4). O flagrante foi feito pelo conselheiro tutelar Helton Luiz e contou com o apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal após denúncia da vizinhança.
No local não existia recursos básicos como água potável, alimentos, fogão e nem geladeira. As crianças, com idades entre 3 e 7 anos, estavam com uma adolescente de 14 anos, que é tia delas. Um dos meninos é portador de autismo. O caso provocou grande comoção social no estado.
O delegado Ronaldo Entringe, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), contou que após as crianças terem sido resgatadas pelo Conselho, as mulheres não retornaram para casa porque estavam em uma espécie de sítio, no Ramal KM-09, comunidade vizinha ao Bairro Marabaixo 4.
Somente depois do fim de semana é que a polícia conseguiu localizá-las. O delegado tomou o depoimento delas na tarde de segunda-feira (7).
“Em depoimento, negaram tudo. Disseram que as crianças não estavam trancadas e que estavam na rua atrás de dinheiro, na Caixa Econômica Federal. Perguntei o que justificaria tanta insalubridade na casa, elas disseram que não tinham tempo para limpar e cuidar. Não me convenci com esta versão e elas estão sendo indiciadas”, resumiu o delegado.
No dia do flagrante foi necessário serrar a grade protetora da porta para resgatar os meninos e meninas. A irmã das suspeitas, além de não ter a chave do imóvel, também tentou esconder a verdadeira idade, e disse ter 17 anos. Ela recebia estas instruções das irmãs, segundo o delegado.
Cleiciane Lopes Costa [4 filhos] e Cleudiane Lopes Costa [3 filhos] estão sendo indiciadas por maus-tratos, abandono de incapaz e cárcere privado. Se condenadas, podem pegar até 8 anos de prisão.
Com a conclusão do inquérito pela Polícia Civil, o caso seguirá para decisão da Justiça do Amapá.
Crianças
Após receberem os primeiros atendimentos e cuidados no Conselho Tutelar da zona oeste, as crianças foram encaminhadas para o Abrigo Casa Lar Ciã Katuá. A adolescente foi levada para Casa de Acolhimento Marluza Araújo. Ambas instituições ficam em Macapá. Todos devem permanecer nestes locais até que sejam tomadas novas medidas pela Justiça.