Morre Carlos Alberto, um dos professores mais marcantes que o Amapá já teve

Aos 50 anos, ele não resistiu a complicações da covid-19
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Aos 50 anos de idade, na tarde desta quinta-feira (3), morreu de covid-19 o professor de História Carlos Alberto Viana Marques, um dos principais educadores da atualidade. Ele estava internado no Hospital São Camilo há cerca de 15 dias.

Na última semana, teve uma importante melhora. A equipe médica estava diminuindo os níveis de sedação para iniciar a extubação, ou seja, a retirada do tubo de ventilação mecânica. No entanto, Carlos Alberto foi acometido por uma infecção e o seu quadro acabou piorando. Ele faleceu por volta das 14h30min.

Conhecido como Carlinhos, Pop ou simplesmente Carlos Alberto, ele era professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), do Colégio Amapaense – um dos seus xodós -, e também se notabilizou por décadas em escolas e cursinhos pré-vestibulares. Não é incomum entre os milhares de alunos que teve, receber o título carinhoso e o reconhecimento de ter sido, não apenas o melhor professor de história que já tiveram, mas um dos melhores professores que passaram pela vida escolar de gerações de amapaenses.

Sua didática era impecável, com voz altiva e objetividade, prendia a atenção dos alunos. Era uma fera nas dicas das questões vestibulares.

Testemunhos

Particularmente, na minha vida pessoal, e aqui peço licença para romper com o padrão jornalístico e recorrer à primeira pessoa, Carlos Alberto tinha grande importância, pois quando foi meu professor no C.A, lá no longínquo ano de 2002, deve ter percebido algum potencial e quando passei na primeira fase da Unifap me deu uma bolsa integral para estudar no Núcleo Amapaense de Ensino (NAE), à época o melhor colégio de Macapá. Deu certo. Esta pequena história é a mesma partilhada por muitos outros estudantes amapaenses.

Mas Carlos Alberto era mais. Vascaíno, carnavalesco apaixonado pelo Boêmios do Laguinho, organizava no seu bairro do coração o bloco ‘Comigo ninguém pode’. Também era amante da quadra junina, onde sempre organizava uma grande fogueira e festanças na sua General Osório, no perímetro que se tornou referência cultural e social, principalmente por sua causa.

Célio Alício, amigo de infância, colega na profissão de historiador e parceiro de Boêmios, lembra que Carlos Alberto tinha como seu ídolo na política Leonel Brizola. Era lulista e, nas palavras de Célio como bom historiador, era ‘antibolsonarista’. E mais que isso.

“Sempre se destacou em tudo o que fez, desde criança uma pessoa inteligente, uma pessoa de virtudes muito significativas, uma pessoa muito solidária, era aquele tipo de pessoa, pode até parecer chavão antigo, capaz de tirar uma camisa para dar pra dar pra alguém que estava precisando, fora que ajudava muitas pessoas. Cristão, católico, mariano, devoto de Nossa Senhora, ele era de paixões muito transparentes. Todas as pessoas que estão aqui sabem como ele era e estamos sofrendo porque a perda é muito grande”, declarou Célio Alício.

Cortejo com o corpo do professor na tarde desta quinta-feira (3). Fotos: Marco Antônio P. Costa

Paixões do professor

Outro amigo, o professor de física Adauto Bittencourt, também visitou a família para registrar seus sentimentos.

“Sem dúvida uma grande perda. O Carlos Alberto, para quem o conheceu, foi um grande homem, um grande professor, um grande amigo. Uma pessoa que só semeou a paz, a harmonia e a amizade por onde ele andou. Eu conheci o Carlos Alberto com 21 anos, dando aula no NAE, hoje ele teria 50 anos e, infelizmente, perdemos ele para essa doença aí complicada, não só na educação, como na cultura do Amapá, carnaval. Um grande amigo, uma grande perda. Fica a saudade”, declarou Adauto.

A despedida dos amigos e familiares que foram até à residência de Carlos Alberto foi marcada por emoção. Ele foi sepultado no início da noite no Cemitério São José, no buritizal, zona sul de Macapá.

Seles Nafes
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