População impede corte de árvore que ‘atrapalha’ fotos com letreiro e ponte binacional

Imbróglio ocorre na cidade de Oiapoque, a 590 km de Macapá. A posição do jambeiro encobre vista panorâmica com ponte binacional atrás.
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Uma polêmica envolvendo paisagismo e meio ambiente tomou conta da cidade de Oiapoque, a 590 km de Macapá.

Tudo gira em torno da construção de um cartão postal pela prefeitura, que contratou uma empresa para instalar um letreiro com a frase “Eu te amo Oiapoque” no lugar mais famoso do município, a Praça do Marco Inicial, onde está o mastro com a mensagem “Aqui começa o Brasil”, uma referência à fronteira norte do país.

A ideia inicial era que os moradores, visitantes e turistas imortalizassem em selfies a passagem pelo local, tendo na foto o letreiro e ao fundo outro grande símbolo da fronteira, a Ponte Binacional, que liga o Amapá à Guiana Francesa. Na teoria, o cartão postal seria um dos mais paisagísticos que a cidade poderia oferecer.

O problema é que no único ângulo no qual a câmera do celular enquadraria o letreiro e a ponte ao mesmo tempo há um jambeiro, de cerca de 10 metros de altura. A árvore é frondosa e, na posição que a base de concreto do letreiro foi construída, deixa aparecer apenas – e malmente – a cabeceira do lado francês.

Para se livrar do empecilho, a prefeitura decidiu cortar o mal pela raiz, literalmente. Para isto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deu autorização de corte e o município solicitou que o Corpo de Bombeiros retirasse o jambeiro intruso do novo cartão postal.

Letreiro começou a ser montado na quinta-feira. Fotos: Divulgação

Em baixo da árvore, populares conversam, moradores de rua dormem

A solução parecia simples, mas a execução não foi tão fácil. Acontece que a árvore é referência para muitas pessoas na região. É na sombra dela que famílias colocam cadeiras e ficam proseando por horas, enquanto consomem lanches ou bebidas vendidas por microempreendedores que lá encostam seus carrinhos ambulantes. À noite, o espaço é dos moradores de rua, que lá dormem. O local também é ponto de encontro para pessoas que passeiam pela orla.

A árvore é frondosa e deixa aparecer, malmente, a cabeceira do lado francês

Por isto, o jambeiro é mais querido do que a prefeitura imaginava. Quando bombeiros chegaram, na manhã desta sexta-feira (25), com motosserra e outras ferramentas, populares prontamente se opuseram.

Eles não só questionaram, como também impediram a derrubada. Chegaram a fazer um cordão de isolamento ao redor do jambeiro. Veja:

O imbróglio vai além da polêmica e levanta questões sobre turismo, meio ambiente e paisagismo da cidade onde o Brasil começa – como bem ensina a famosa expressão popular “do Oiapoque ao Chuí”, adágio que é patrimônio cultural do país. O impasse divide opiniões. Além dos que são contra a eliminação da árvore, há também quem seja a favor da queda dela.

Havia a expectativa do letreiro ser inaugurado neste sábado (25), mas com o embaraço a entrega teve que ser adiada. Ainda não há uma nova data definida.

De outro ângulo, letreiro contempla o Rio Oiapoque

De outros ângulos mais afastados da base do letreiro, é possível enquadrar a ponte binacional na foto

O secretário de Turismo do município, Adailton Silva, disse ao portal SelesNafes.com que, apesar do letreiro já estar montado, a entrega não ainda ocorreria porque o projeto prevê, também, outros serviços, como melhorias na iluminação e revitalização do entorno.

Já o secretário municipal de Meio Ambiente, Jadison Monteiro, informou que a Prefeitura de Oiapoque ainda estuda a questão e deve ter um posicionamento definitivo, com base no Código de Postura do município e no Plano Diretor, nos próximos dias.

Seles Nafes
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