Por ANDRÉ SILVA
“No fundo eles queriam testar a gente!”. A frase é do delegado Wellington Ferraz, titular da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, a respeito do assassinato brutal do jovem vendedor de pipas, Wesley Vinicius, de 19 anos, ocorrido na madrugada de domingo para segunda-feira (26).
O crime aconteceu a apenas 250 metros do novo prédio do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), recém inaugurado no residencial Macapaba, na zona norte de Macapá.
“Uma ação ousada e atrevida, vai ter resposta na mesma medida e talvez pior. Desta vez, foi assim, mas da próxima vez pode ser pior. A gente vai dar uma resposta institucional, porque foi uma questão de honra pra gente ter parado tudo pra pegar os caras ontem mesmo. Só faltaram arrancar a cabeça do cara e jogar aqui na frente. No fundo, eles queriam testar a gente”, disse o delegado Wellington Ferraz.
Ele e os delegados Cezar Ávila e Dante Ferreira contaram em detalhes como ocorreram as prisões dos três suspeitos envolvidos na morte do vendedor de pipa. Eles falaram à imprensa na manhã desta terça-feira (27).
De acordo com os policiais, os suspeitos estavam em casa no momento da prisão e não ofereceram resistência.
Morto por engano
O delegado Cézar Ávila, responsável pelo caso, apurou que a vítima era amigo dos acusados e que o rapaz pode ter sido morto por engano.
Wesley teria se aproximado dos ‘novos amigos’, depois que começou a namorar com uma mulher que tinha relação com alguns deles.
“E, aí, ele começou as amizades, a querer estar mais próximo desse tipo de gente de facção, tanto que nós identificamos algumas fotos dele fazendo alguns gestos, e justamente essa conduta dele que despertou o sinal dos integrantes da facção rival para identificá-lo como sendo de outra facção”, explicou o delegado.
Os suspeitos contaram histórias distintas à polícia e negaram a autoria do crime, mas a equipe de investigação tem informações de que eles estavam todos juntos com a vítima naquela noite, inclusive quando ela foi questionada sobre pertencer ou não a alguma organização criminosa.
“Ele (Wesley) sabia que eles eram de uma determinada facção, e desde o fim de semana, depois da morte de um indivíduo de uma outra organização, voltou esse mata, mata. E como chegou ordens para matar, os indivíduos da outra facção tiveram informação de que Wesley pertenceria à organização rival. Então, foram lá questioná-lo. Ele disse que não, e perguntaram se ele queria entrar. Respondeu que não queria pertencer à nenhuma. Aí, esses amigos saíram caminhando com ele na direção do Macapaba (área de mata em frente ao Ciosp) e eles voltaram, mas o Wesley não”, detalhou o delegado Ávila.
O delegado Dante Ferreira, disse que os suspeitos estavam em casa no momento da prisão, muito tranquilos.
“Eles estavam em casa como se nada tivesse acontecido. Há tempos, a comunidade do Macapaba reclama dessa impunidade, eles estão acostumados a cometer crimes aqui e voltar para casa e ficar por isso mesmo. Eles estavam em casa e alguns até protegidos pela família”, relatou o delegado Dante.
Os três suspeitos do crime foram presos em flagrantes e foram encaminhados para o Ciosp do Pacoval, aonde continuam aguardando audiência de custódia.