Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Um grupo de moradores da Rodovia AP-010 Juscelino Kubitschek, a popular “JK”, que, nesta semana, teve a mudança de nome aprovada na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá (Aleap), está se mobilizando para impedir a medida.
Para eles, a proposta é inadequada do ponto de vista histórico e trará transtornos às pessoas que tem endereço na via.
“É uma mobilização popular, na internet, para que o governador se sensibilize que o nome que já é tradicional da JK, que tem Unifap, em breve a Ueap, várias outras instituições, uma dezena de condomínios ao longo da rodovia e que isso vai trazer transtornos com a mudança do nome, fora que o Juscelino Kubitscheck teve, sim, o seu papel para a história do então Território Federal do Amapá, nos anos 50”, declarou Alípio Junior, criador da petição online e morador da rodovia.
A proposta de mudança ocorreu por iniciativa legislativa do presidente da Aleap, o deputado Kaká Barbosa (PL), e do deputado Jory Oeiras (DC). Juntos, eles assinaram o Projeto de Lei que muda o nome da rodovia para “Josmar Chaves Pinto”.
Josmar, falecido em agosto de 2019, foi um importante empresário – reconhecem mesmo os que são contra a mudança do nome da rodovia –, que, dentre outras obras no Amapá, realizou a duplicação da JK, na segunda metade da década de 1990, durante o governo de João Capiberibe (PSB).
Na terça-feira (29), o presidente da Aleap comentou a aprovação do Projeto de Lei, que agora aguarda sanção do governador Waldez Góes (PDT).
“Dizer que é uma homenagem importante a um empresário que muito contribuiu para o desenvolvimento do Estado. Era um paraibano, mas com coração amapaense. Era um empreendedor e um grande líder”, declarou Kaká Barbosa.
Rodovia AP-010
A rodovia AP-010, atual JK, é umas das mais importantes do Estado, sendo até hoje a principal ligação entre as duas cidades mais desenvolvidas da Região Metropolitana, Macapá e Santana, e a história do Amapá passa por ela.
JK, o presidente Bossa Nova, de fato tem uma ligação histórica com o Estado. Esteve aqui quando o primeiro navio de manganês da Icomi foi embarcado em Santana e partiu para a exportação.
Também foi o presidente que assinou a lei que criou a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), em 1956, o que abriu caminho para a construção da primeira hidroelétrica da Amazônia, a Coaracy Nunes, em Ferreira Gomes.
Sua ligação com o Amapá, aliás, estreitou-se com as inúmeras visitas que fez ao Estado durante seu governo e sua ligação com a família Nunes, principal grupo político do Amapá à época.
Situação da rodovia
Outro morador da JK, o professor e empresário Wander Basten, de 44 anos, afirmou que para ele, o nome da rodovia chega até a ser secundário, quando comparado à situação em que a JK se encontra.
“Semana passada rasguei os pneus do carro em um dos diversos buracos existentes e devido às chuvas, centenas de ciclistas arriscam as vidas andando praticamente no meio da rodovia. Essa é minha maior preocupação. Quanto à mudança de nome, por mim, tanto faz”, declarou Wander Basten.
Veto ou consulta pública
Alipio Júnior, apela ao governador Waldez, que caso não se sinta à vontade de vetar a lei aprovada na Aleap, que proceda, então, uma consulta popular com os moradores da JK e com a população como um todo, como uma forma de escuta pública na decisão.
Fotos: Alípio Júnior