Polícia suspeita que outros falsos médicos atuam no Amapá

O diploma falso e a carteira profissional que receberia Gideao Vanderle da Rocha, de 37 anos, que foi preso esta semana por se tentar passar por médico em Macapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

Após cumprir mandado de busca e apreensão em Marabá (PA), na casa de Gideao Vanderle da Rocha, de 37 anos, que foi preso em Macapá se passando por médico, a Polícia Civil do Amapá aumentou ainda mais as suspeitas de que, além dele, existem outras pessoas praticando exercício ilegal da profissão no estado.

O delegado do caso, Estefano Santos, da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do Amapá, encontrou novas provas, mas não quis divulgar para não atrapalhar as investigações.

Gideao foi preso na última quinta-feira (8), na sede do Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP), no Bairro do Trem, zona sul de Macapá, quando receberia uma carteira profissional, que foi expedida por força de uma liminar, a partir de documentos falsos.

A prisão preventiva do acusado e a ordem de busca na casa dele foram expedidas pelo juiz André Menezes, da Comarca de Macapá, com base na conduta criminosa apontada pela polícia.

Falso médico foi encaminhado ao Iapen. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Na decisão, o magistrado disse que a pandemia põe à prova profissionais adequadamente formados e que o cenário requer deles o máximo de uso dos seus conhecimentos.

Por isto, explicou, permitir que o acusado, após a prática do exercício ilegal da medicina, com falsidade ideológica e uso de documentos falsos, continuasse solto seria colocar em risco o tratamento de doentes.

“A liberdade do acusado somente contribui para tornar este cenário ainda mais perigoso, afinal, a sua falta de formação profissional aliada à sua contumácia em fingir-se de médico podem contribuir para um aumento no número de mortes e pessoas permanente sequeladas no cenário atual de saúde”, pontuou Menezes.

O magistrado falou em antecedentes porque Gideao já foi preso, em Rondon do Pará, utilizando documentos de um médico, no ano de 2014. Em outra ocasião, ele teria exercido ilegalmente a medicina no município de Abel Figueiredo, também no Pará.

Uma criança teria morrido durante um parto mal sucedido, no qual o falso médico estaria à frente.

Prisão

Paraense nascido em Marabá (PA), Gideao Vanderlei da Rocha, de 37 anos, teria usado um diploma falso de uma faculdade estrangeira para tentar obter sua inscrição e a carteira profissional no Amapá.

Segundo o presidente do CRM-AP, Eduardo Monteiro de Jesus, semanas atrás, além do diploma da Universidad Nacional Ecológica, localizada na Bolívia, Gideao apresentou uma declaração de registro único de médico intercambista do Projeto Mais Médicos Para o Brasil, do Ministério da Saúde, do qual se dizia participante na função de médico desde novembro de 2017, no município de Ourilândia do Norte, no Pará.

Delegado Estefano Santos, da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas

O caso logo chamou a atenção do CRM porque Gideao pediu à Justiça do Amapá sua inscrição provisória para atuar no estado sem a necessidade fazer o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) – teste que é destinado a todos os médicos formados fora do país.

E ele conseguiu. Uma liminar, datada de 22 de junho, determinou que o CRM local liberasse a inscrição provisória dele no prazo de dez dias e que a carteira profissional valesse enquanto perdurar a pandemia de covid-19. O CRM obedeceu a ordem judicial.

Contudo, a instituição desconfiou e entrou em contato com a universidade boliviana e descobriu que o diploma apresentado por Gideao é falso. A faculdade informou ao CRM-AP que o falso médico iniciou a graduação em Medicina, mas não concluiu o curso.

Gideao já havia sido preso outras vezes

O Conselho denunciou o caso à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar exercício ilegal da medicina, utilização de documento falso e outros crimes. À Justiça, a polícia pediu a prisão preventiva do falso médico, que foi cumprida nesta quinta-feira. Gideao foi preso quando receberia a carteira de médico que a Justiça havia determinada a expedição.

Segundo Eduardo Monteiro, a Justiça do Amapá já foi comunicada, para que seja revogada liminar concedida e assim tornado sem efeito o registro concedido por ordem judicial.

Seles Nafes
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