“Se ONGs conseguem fazer, por que o poder público não?”, questiona protetora de animais

Vice-presidente da ONG Gateiros Tucujús explica como entidades e ativistas e protetores individuais se desdobram para cumprir um papel que é da Prefeitura de Macapá.
Compartilhamentos

Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

A vice-presidente da Organização Não Governamental (ONG) Gateiros Tucujús, Jéssica Sodré, de 30 anos, entrou para a causa de proteção animal há seis anos. Além de colocar a mão na massa e ajudar a tocar uma entidade que tem sob sua responsabilidade 298 gatos, também é uma das vozes que cobra do poder público políticas para o segmento, que, além do carinho e humanidade, são uma questão de saúde pública.

Jéssica conta que começou o ativismo quando chegou até ela uma sacola com três animais dentro, que tinha sido descartada no lixo próximo ao Hospital das Clínicas Alberto Lima (Hcal), no centro de Macapá. Desde então, começou a cuidar de animais.

Nestes anos, conheceu pessoas que tiveram a mesma experiência e assim entrou para a Gateiros Tucujús, que hoje se dedica ao resgate de animais no Estado do Amapá, cuidando, castrando e doando de forma responsável, além de levar conteúdo educativo sobre o tema.

O Portal SelesNafes.com entrevistou Jéssica, que falou a respeito da questão no Amapá. Acompanhe:

Como estão as políticas públicas para animais e zoonoses em Macapá?

Não temos políticas públicas para a causa animal em Macapá. Até pouco tempo, passamos mais de 3 anos sem campanha de vacinação antirrábica. Esse mês iniciou nos bairros e alguns pontos da cidade, mas vem sendo de maneira lenta, também devido ao agravo da pandemia. Alguns políticos chamaram as ONGs para conversar sobre a causa animal, mas, de fato, não foi feito absolutamente nada, a maioria desconhece que existe a causa no Estado, principalmente porque quem desenvolve todo o papel que deveria ser do poder público são as ONGs de proteção animal e os protetores independentes, que são as pessoas que recolhem os animais, tratam nas suas casas, com recursos próprios e depois fazem a doação.

Gateiros Tucujús se dedica ao resgate de animais no Estado do Amapá…

…cuidando, castrando e doando de forma responsável. Fotos: Arquivo Pessoal/Gateiros Tucujús

Não existe controle populacional para animais no Amapá, e, em Macapá é onde se concentra a maior quantidade desses animais, onde sua vida é precocemente interrompida pelos maus-tratos das ruas.

Se tratando de zoonoses, que são as doenças que acometem os animais e são transmitidas para os humanos, não temos dados, para comparar ou indicar o lugar de maior infestação. O que sabemos é que os animais que contraem uma zoonose, na maioria das vezes, já chegam praticamente mortos até às pessoas que se dedicam de forma voluntária a causa animal. Por aí, já começamos a tratar, além dos animais, as pessoas, porque zoonose é uma questão de saúde pública. O último caso que pegamos de zoonose foi de uma gatinha com criptococose, que é conhecida como a “doença do pombo”, e ela ainda continua em tratamento, porque é bem demorado.

À espera de um adotante

O que é mais urgente, aquilo que o poder público poderia resolver com mais facilidade?

O mais urgente é o controle populacional dos animais, pois chegamos ao limite de animais nos abrigos, e nas casas das pessoas também. Uma cidade com controle da população de animais, tende a ter uma diminuição nos casos de acidentes provocados por animais nas ruas, diminuição de animais abandonados em via pública, diminuição de zoonoses, além de dar qualidade de vida para as pessoas que cuidam e resgatam animais. A população mais afetada com a falta de controle populacional de animais está nas periferias, onde o volume de animais é muito maior e a falta de saneamento básico piora ainda mais a situação das pessoas.

Precisa de um novo dono

Em Macapá, temos pontos críticos de abandono de animais, principalmente nas feiras, onde eles são abandonados e se reproduzem desordenadamente, e, ali mesmo, morrem sofrendo maus-tratos.

Temos um castramóvel em Macapá e já era para estar funcionando, mas a prefeitura diz que precisa de insumos, e que vai funcionar, um dia, não sei quando. Enquanto isso, os animais e as pessoas vão sofrendo o descaso.

O canil municipal é um centro de zoonoses, tem animais lá, mas nunca fizeram nenhuma feira de adoção.

A causa animal é abandonada desde sempre pelo poder público, ao ponto de recebermos pedidos de ajuda para resgatar animais até na frente da casa de parlamentares.

Pronto para adoção

Qual a situação das ONGs e dos protetores de animais?

As ONGs estão lotadas e devendo muito nas clínicas veterinárias, sobrevivem das doações das pessoas que se sensibilizam com o sofrimento dos animais, mas o protetor animal que age de maneira individual, ainda é mais difícil a situação, porque acaba carregando consigo grande partes dos custos do tratamento dos animais e em maioria acaba adoecendo junto com o animal, porque o desgaste físico e emocional é muito grande, toda pessoa que faz parte da causa animal já sofreu ou sofre de algum problema psicológico, seja ansiedade, crises de pânico, depressão, porque o peso de carregar a responsabilidade que é do poder público é muito grande, e todos fazem de maneira voluntária por se comover com o sofrimento dos animais. É muito lindo e muito gratificante ver um animal curado, saudável, mas ninguém imagina a luta que vem por trás disso tudo.

É só entrar em contato

Qual a orientação, como os proprietários de animais, qualquer pessoa, pode ajudar na causa animal?

A causa animal pode ser ajudada de inúmeras maneiras, seja através de doação financeira, compartilhando as publicações de pedido de ajuda e informações sobre a causa animal, doando medicamentos, apadrinhando uma castração, comprando produtos das ONGs e protetores individuais, porque também desenvolvemos empreendedorismo social, onde todo o lucro é voltado para cuidar dos animais, e o principal, adotando os animais, de maneira responsável.

E você ajuda muito a causa animal quando não deixa seus animais terem acesso à rua, e quando o tutor castra, para que esses animais não se reproduzam, porque não existe lar para todos.

Tem dog para adoção também

Como fazer para adotar?

Devido à pandemia, as adoções estão sendo feitas através das redes sociais, no caso da Gateiros Tucujús, que é a ONG da qual eu sou vice-presidente, nós disponibilizamos as fotos dos animais nas nossas redes sociais, o adotante preenche o pré-cadastro, é feita a visitação do local, a entrega do animal e o acompanhamento por 6 meses pós adoção, que é o período de adaptação.

Recuperado e pronto pra uma nova família

A espera de carinho

Serviço

Abaixo, seguem os links de algumas entidades:

Gateiros Tucujus: www.gateirostucujus.com.br

Anjos Protetores: www.anjosprotetoresong.com

Alimente um gato de Rua: instagram.com/alimenteumgatoderua

Instituto-Viralatas: instagram.com/instituto_viralatas

Amor Por Patas: instagram.com/grupoamorporpatas

ONG Salvação: instagram.com/ongsalvacao

A.M.A.R: instagram.com/amar.ong.ap

Adote uma vida: instagram.com/adocao_animais_macapa

Adoção Responsável Amapá: instagram.com/adocaodeanimais.ap

Animais achados e perdidos: www.facebook.com/groups/411135739079624

Adoção de animais Macapá: www.facebook.com/groups/213639749198417

Mundo Animal Amapá: www.facebook.com/groups/501658076533148

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!