Sindicato confirma assédio moral e cortes nos salários da saúde de Macapá

Segundo relatos de servidores públicos da área, quando vão reivindicar, são respondidos com retaliações pela gestão municipal, que vão desde transferências a cortes no salário.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Os trabalhadores da saúde de Macapá estão com os nervos à flor da pele por conta de uma série de insatisfações e supostos abusos que vem sofrendo, segundo denunciam.

O assédio moral a funcionários, que por muitas vezes tem resultado em transferências de locais de trabalho, e a falta de pagamento total dos vencimentos – como o adicional noturno – são algumas das reclamações.

Não é à toa que os trabalhadores, com os quais o Portal SelesNafes.com conversou, tenham receio de aparecer, de se identificar e até mesmo de pedir à reportagem para não revelar em qual unidade trabalham.

A justificativa é comum a todos: o medo de mais retaliações. A questão se resume na fala de um destes trabalhadores: “a grande maioria dos diretores [das unidades de saúde de Macapá] é de um hospital particular e eles não gostam de servidor público”, disse um enfermeiro.

Assédio estaria acontecendo em quase todas as unidades de Macapá

Assédio moral

Uma trabalhadora, iniciou o relato.

“Eu já sofri assédio moral e conheço várias pessoas que também já sofreram, inclusive uma colega próxima. Eu fui mandada para outra unidade porque não aceitava fazer desvio de função. Queriam que eu fosse para a farmácia, mas eu não sou farmacêutica”, assim contou a funcionária da unidade saúde, mais uma que só aceitou falar com sigilo de identificação.

Outros funcionários, que já foram da Unidade Básica de Saúde (UBS) Rubim Aronovitch, no Bairro Santa Inês, na orla da cidade, denunciaram que todos os servidores efetivos que manifestaram contrariedade sobre o fechamento da emergência do Rubim – o que já ocorreu – acabaram sofrendo retaliações e foram transferidos, distribuídos a outras unidades.

“A grande maioria dos diretores que estão nas unidades de urgência e emergência covid, ou emergência normal, são do hospital particular que trabalharam na campanha do Furlan. Então, eles, com certeza, estão utilizando esse método. Eles, pelo o que dá pra ‘andar’, não gostam do servidor público e os que estão lá, a grande maioria, são os contratos, que estão oprimidos, obrigados a fazerem tudo o que eles querem”, denunciou um trabalhador.

Na UBS Rubim Aronovitch, quase todos os servidores que trabalhavam no local há muitos anos…

… teriam sido transferidos por retaliação. Fotos: Marco Antônio P. Costa e Arquivo/SN

Manifestação

O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindesaude) confirmou ao Portal SelesNafes.com que tem recebido uma grande quantidade de denúncias de assédio moral da categoria e, por isso, está organizando uma manifestação de rua, marcada no dia 13 agosto, em frente à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) e, também, da Prefeitura Municipal de Macapá (PMM).

“Hoje a gente está tendo muito problemas relacionados com as escalas extras, covid, principalmente essas duas escalas, porque o trabalhador tem o vínculo dele, mas sempre tem aquela situação, quando o trabalhador se posiciona, está ocorrendo muito a falta de isonomia nas escalas: se é amigo do chefe, pega dez, se não é pega três, quatro, e quando o trabalhador vai reclamar para a chefia, é penalizado, fica até mesmo fora da escala”, declarou Kliger Campos, presidente do Sindesaude.

O Portal SelesNafes.com também apurou que há casos de assédio que foram parar na Justiça, movidos por funcionários. No entanto, persistiu a cautela por parte de funcionários em não explanar o caso, com receio da identificação e uma possível perseguição posterior.

Um relato denunciou que uma servidora foi mandada para tirar serviço na Farmácia da unidade sem ela ser farmacêutica

Desconto de pagamentos

Uma trabalhadora de uma unidade de saúde da zona sul expôs que ela e diversos colegas vêm sofrendo cortes no pagamento. O corte seria no adicional noturno.

“A gente recebia 80 horas noturnas, trabalhando em unidades 24 horas, que conta de 22h até seis da manhã. Na gestão Furlan, a gente começou a ganhar primeiro para 64 horas e depois 56 horas noturnas. Começou a vir irregular e uma parte dos servidores parou de vir, não todos. Esse mês, pelo o que consta até agora, ninguém recebeu adicional noturno, mas ainda não tem contracheque pra gente confirmar que foi o adicional noturno que não recebemos, mas que o salário veio muito menor, isso veio”, declarou a trabalhadora.

O desconto, neste caso, seria de algo em torno de R$ 800,00.

Outra trabalhadora, reclamou que o salário é cada vez menor.

“Nosso salário nunca mais foi o mesmo. Toda vez vem descontado, descontado, descontado, daqui há alguns dias eu não tô recebendo é nada. Toda vez que eu olho no contracheque, meu salário está menor”, reclamou a profissional de saúde.

Semsa

Até o fechamento desta edição, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) não se pronunciou sobre as denúncias.

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