Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Com a criação do Território Federal do Amapá, em 1943, em algumas décadas, a pequena cidade que era a capital amapaense ganhou escolas, hospitais, largas avenidas, praças e um ciclo de crescimento inédito até então.
Um dos marcos destes tempos é o Mercado Central, fundado em 1953 pelo então governador Janary Nunes e pelo prefeito de Macapá, Claudomiro de Morais. É aí, desde 1960, que o Bar du Pedro é testemunha ocular das transformações da cidade morena.
Primeiro, tinha outro nome: Bar São Luís de Gonzaga, fruto de uma sociedade entre Clóvis Dias e Pedro Nery. Porém, um ano depois, a sociedade foi desfeita e veio a mudança para o nome que tem até hoje. Por um erro ortográfico na hora da pintura, o bar ficou mesmo “du” Pedro, o que os clientes gostaram e ninguém deixou que fosse feita a correção.
O bar fez sucesso e era parada obrigatória dos agricultores, pescadores e produtores que aportavam no Trapiche Eliezer Levy e iam no mercado comercializar seus produtos.
O Mercado era a grande referência para compra de carne, peixe, verduras, temperos, frutas e, claro, a conversa com Seu Pedro Nery, que foi se tornando uma atração do badalado Mercado do início da década de 1960.
O futebol também é uma marca do mais antigo botequim do Amapá. Nas fotos antigas e na decoração, que está sendo retomada, a paixão pelo Botafogo e pelo Clube do Remo, os times de coração de seu Pedro Nery, estão estampados no bar.
O futebol amapaense, seus craques, também sempre encontraram no simpático bar um lugar de guarida e homenagem.
Avô, pai e neto
Seu Pedro Nery teve 11 filhos e os criou com – e entre – os frutos do trabalho no bar. Em 2005, aos 92 anos, seu Pedro partiu e um dos seus filhos, Luiz Gonzaga Nery, hoje com 59 anos, assumiu o empreendimento.
O filho conta que foi criado por ali, que sempre estava na companhia do “pai bar” e que também viu os vários ciclos que a cidade passou.
“Doca da Fortaleza, Baixada da Mucura, aqui na frente, carro de mão fazendo o transporte da carne porque o frigorífico era aí na frente. No momento que a cidade começa a crescer, na década de 80, já perdeu a característica do mercado de venda de carne, verdura, carne verde, carne roxa, todo tipo de carne. Os bairros foram crescendo, os supermercados, mercantis e açougues foram surgindo e o mercado perdeu a centralidade que tinha”, analisou Luiz.
Atualmente ele tem a ajuda e a companhia do filho Pedro Nery Neto, de 30 anos, que agora leva à frente a tradição iniciada pelo seu avô.
Após os difíceis anos de 1990 e 2000, a revitalização do Mercado Central deu uma nova esperança de sucesso para o bar, que logo foi frustrada pela pandemia.
Contudo, com a reabertura, o Bar du Pedro começou a ganhar novos clientes, pessoas que têm um dos melhores visuais no entardecer da cidade. Ao mesmo tempo, os clientes antigos, estão contentes de volta ao seu espaço.
“É isso: o Bar du Pedro retornou e estamos à disposição. Venham nos visitar”, convidou o simpático Luiz.