Por OLHO DE BOTO
Após sete meses de invasão, a Justiça Federal no Amapá ordenou a desocupação de uma área pertencente ao Ibama, localizada na zona norte de Macapá, que havia sido invadida por cerca de 1 mil pessoas.
A reintegração de posse, determinada pelo juiz federal João Bosco Soares, foi cumprida na manhã desta quinta-feira (9), pela Polícia Militar. Agentes do Ibama também acompanharam a desocupação.
O terreno em questão fica na Avenida Pinhal com a Rua Tangerina. Havia sido ocupado em meados de fevereiro de 2021. Segundo o Ibama, a área é destinada à construção de um Centro de Triagem de Animais Silvestres.
Segundo o oficial de Justiça que comandava a reintegração de posse – que por questões de ofício preferiu não ser identificado –, uma investigação social comprovou que a maioria dos ocupantes é de especuladores e outras pessoas que não precisam de moradia.
“Muitos imóveis foram levantados sem ter ninguém dentro morando, apenas para demarcar o espaço, característica típica de especuladores”, comentou o oficial de Justiça que comandava a reintegração de posse.
Entretanto, existem pessoas em situação de vulnerabilidade social na invasão. É o caso de Jorge da Costa, que a reportagem encontrou sentado debaixo de um arbusto, pensativo e desolado, enquanto outras pessoas “desmanchavam” seus barracos para deixarem a área. Ele é pai solteiro. Cria três filhos sozinho.
“Não tenho pra onde ir. Não sei o que fazer, desempregado. Disseram que iam dar uma ajuda pra nós e agora estamos sendo mandados embora. Ninguém da assistência social veio falar com nós. Eu tenho filho pequeno, de 12 e 15 anos. Estou pensando em fazer um barraco na beira da rua, pra ver se a prefeitura vem aqui me dar uma ajuda, porque não tenho pra onde ir”, desesperou-se ao conversar com a equipe do Portal SelesNafes.com.
Ele pediu à reportagem que divulgasse seu contato – (96) 98129 9465 – para quem pudesse lhe ajudar de alguma forma.
“Estou desesperado. Espero que alguém dê teto pra mim e pros meus filhos pelo menos por alguns dias pra gente pensar em algum rumo. Infelizmente é essa a nossa situação”, lamentou o desempregado.
Outro em situação difícil, José Costa Leão, pelo menos tinha para onde ir. Enquanto observava seu casebre de madeira ser posto abaixo junto com sonho da casa própria, ele disse à reportagem que iria se abrigar na casa de um parente em Macapá.
“Uma terra dessa aqui, tão grande, parada há várias décadas e a gente sem ter onde morar. Sou amapaense do Bailique e nunca tive casa própria. Essa aqui era a minha esperança. Agora é continuar na fé, seguir acreditando em Deus”, lamentou o sem teto.
O oficial de Justiça informou que há um direcionamento para as pessoas como Jorge e José, mas não deu outros detalhes.