O mistério das moedas de 200 anos

Relíquias históricas foram encontradas há 10 anos, e permanecem sem respostas
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Por SELES NAFES

Há quase 11 anos, o produtor de farinha Moacir Almeida da Silva, de 52 anos, guarda dentro de um saco um pequeno tesouro de valor histórico que ele encontrou quando preparava a terra para o plantio de mandioca. Há mais de 200 anos, alguém enterrou o dinheiro onde hoje fica o vilarejo evangélico de Macedônia, no Lago Ajuruxi, uma das muitas comunidades ribeirinhas do município de Mazagão, estado do Amapá.

As moedas foram encontradas por Moacir e a esposa Aldenora, em 2010. (Assista ao depoimento deles). No mesmo ano, eles conseguiram fazer com que a notícia chegasse ao Museu Sacaca, em Macapá. De acordo com o produtor, cinco moedas foram levadas para pesquisa por uma missão do museu, mas ele nunca mais ouviu falar sobre o assunto.

Em análise bem superficial, é possível concluir que as moedas são da Era Colonial por alguns detalhes ainda visíveis, como o símbolo da Coroa Portuguesa e inscrições em latim como ‘Brasili’ e ‘Maria I’. Maria I foi a mãe de Dom João VI, primeiro imperador do Brasil. Os livros de história também a chamam de ‘Maria Louca’. Ela foi rainha do ‘Reino Unido de Portugal, Brasil e Algraves’, entre 1777 e 1815. Mas precisou ser substituída pelo filho em função de uma doença mental. Algumas moedas encontradas possuem a data de 1799.

Procurado, o setor de arqueologia do Museu Sacaca confirmou que chegou a enviar uma missão à localidade ainda em 2010, mas que não havia um profissional em arqueologia histórica nos quadros da instituição. Por isso, o material coletado foi enviado para o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. O local está fechado para reforma há mais de 5 anos.

Algumas moedas possuem a Coroa, data de 1799 e o nome de Maria I. Fotos: Seles Nafes

Frase em latim

O Portal SelesNafes.Com localizou o arqueólogo Adervan Lacerda, que é do quadro do Joaquim Caetano da Silva e hoje está à disposição da prefeitura de Mazagão.

“Eu lembro desse caso, mas houve algumas entradas (invasões) no museu (Joaquim Caetano), e essas peças sumiram de lá”, revelou.

“Aquela região (lago Ajuruxi) é muito rica em material arqueológico e histórico. Temos a informação de que os cabanos teriam passado por lá, mas ainda não pudemos voltar lá”, comentou. Os cabanos lutaram no Pará pela adesão do estado à independência do Brasil. 

Adervan está fazendo um trabalho de organização do acervo encontrado nas ruínas de Mazagão Velho e pesquisa os restos mortais dos primeiros habitantes portugueses da região, num trabalho conjunto com o Iepa.

O Portal SelesNafes.Com, que esteve no lago Ajuruxi, cedeu fotos das moedas para Adervan Lacerda. Ele disse que essa pesquisa será retomada. Só assim, seu Moacir e outros amapaenses que terão respostas.

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