Ex-prefeita que teve filho morto em ação policial: ‘HC não significa inocência’

Euricélia falou sobre a libertação dos policiais acusados de matar Ivo Cardoso
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

A ex-prefeita de Laranjal do Jari, cidade no sul do Amapá, Euricélia Cardoso, lembrou nesta terça-feira (6) que a libertação dos policiais militares acusados de matar o odontólogo Igor Ramon Cardoso Lobo, durante uma intervenção no município de Santana, não significa inocência. Os seis foram libertados ontem (5), após deferimento de habeas corpus ajuizado pelo advogado Cícero Bordalo e concedido pelo desembargador João Lages. O magistrado considerou que não havia provas de que os policiais estavam atrapalhando as investigações ou ameaçando testemunhas.

Por meio do advogado Marcelo Lisbôa, que acompanha a família de Euricélia no caso, a ex-prefeita avaliou que as forças policiais são essenciais, assim como em outras profissões. Mas que, no entanto, essa importância social não pode ser vista como autorização para o cometimento de crimes.

“(…) Se assim fosse, teríamos de aceitar o médico que mata o paciente para vender os órgãos; o juiz que vende sentenças; o gari que joga o lixo para dentro de casa; o carteiro que joga no lixo nossas correspondências; o advogado que recebe o dinheiro da causa e não entrega a parte do cliente. Assim, embora desenvolvam trabalho importante, policiais não estão acima da lei, como ninguém pode estar”, comparou.

A ex-prefeita também deixou claro que a ordem do Tribunal de Justiça para liberação dos policiais pode ser modificada, e se tratou de uma questão processual que não determina culpa, inocência, e, muito menos, avalia provas, mas apenas levou em consideração a necessidade de continuação da prisão cautelar.

Igor ao receber a carteira profissional no Conselho Regional de Odontologia. Caso ainda sob investigação

Carro que era dirigido pelo odontólogo

Defesa dos policiais ajuizou habeas corpus

No dia 18 de setembro, Igor e dois comerciantes foram mortos a tiros durante perseguição policial. Igor dirigia um carro de aplicativo que transportava um criminoso. também morto na ação. Os dois comerciantes, padrasto e enteado, segundo a Polícia Civil, eram inocentes e foram mortos quando retornavam do trabalho.

“(…) Em nada influenciará a verdade dos fatos, o futuro oferecimento de denúncia pelo MP/AP, e a esperada condenação à prisão e perda do cargo público. Só quem já foi vítima de violência marginal ou policial conhece a dor da injustiça”, concluiu o advogado em nota sobre posicionamento da mãe de Igor.

 

 

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!