Furlan demitiu enfermeiros que se recusaram a distribuir kit covid, diz site

Em comum, além dos relatos de perseguição, o pedido de anonimato para a reportagem feita por Nayara Felizardo, por medo de represálias.
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O site jornalístico The Intercept Brasil (Tib) publicou uma matéria, nesta quinta-feira (7), sobre supostas demissões efetuadas pela Prefeitura Municipal de Macapá (PMM).

Segundo a reportagem “Prefeitura de Macapá demitiu enfermeiros que se recusaram a distribuir kit covid”, assinada pela jornalista Nayara Felizardo, entre março e agosto de 2021, a PMM entregou, através de enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), kits contendo o medicamento ivermectina, vitaminas D e C e zinco.

A matéria tem o print do grupo de whatsapp “saúde rural”, onde Cristilene Vilhena, coordenadora do programa Estratégia Saúde da Família (Esf) em Macapá, faz uma convocação para todo o pessoal participar das entregas do kit para “evitar o colapso do covid em nossas UBS”.

Neste período, o debate acerca da ineficácia da ivermectina no combate ou prevenção à covid-19 já estava bastante adiantado. Além da Organização Mundial da Saúde (OMS), cita a matéria, a Sociedade Brasileira de Infectologia afirmou, no dia 25 de maio de 2021, que medicamentos como ivermectina e cloroquina são ineficazes no tratamento da covid-19.

Print do grupo de whatsapp “saúde rural”, a coordenação do Esf em Macapá convoca o pessoal participar das entregas do kit

Uma enfermeira que foi fonte para a matéria do Tib, afirmou ter sido demitida por ter se recusado a realizar a entrega dos medicamentos sem prescrição médica. Outras duas profissionais da enfermagem teriam sido demitidas apenas pelo fato de terem se posicionado contra a entrega.

“Os medicamentos foram distribuídos na cidade inteira, em feiras, praças e até em distritos que ficavam distantes 12h de barco. Eu me recusei a entregar e passei a ser perseguida desde então”, teria afirmado uma das fontes do site. 

Outra fonte também teria denunciado a perseguição após se posicionar contra a entrega dos kits.

“O diretor da UBS e a secretária de saúde me obrigaram a ir distribuir os kits com minha equipe. Eu achei isso totalmente irregular e fiz comentários na sala onde tinham pessoas próximas a eles. Fui entregar os kits por medo de perder o emprego, mas não adiantou nada”, comentou outra profissional.

Em comum, além dos relatos de perseguição, o pedido de anonimato para a reportagem feita por Nayara Felizardo, por medo de represálias.

The Intercept também conversou com a presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-AP), Emília Pimentel, que afirmou que o conselho recebeu mais de 10 denúncias sobre a mesma questão e que, por isso, abriu um processo administrativo e também publicou uma decisão, em março, que proíbe a categoria de prescrever, fracionar e distribuir remédios que não estivessem previamente estabelecidos nos programas de saúde.

Por fim, citando o Uol, a matéria trouxe o dado que foram gastos cerca de R$ 3 milhões na compra dos kits covid, que foram amplamente distribuídos nas ruas e praças de Macapá.

Assim como fez com o The Intercept Brasil, a Prefeitura Municipal de Macapá não respondeu às graves denúncias de perseguição e gasto inútil de dinheiro público.

Seles Nafes
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