Por SELES NAFES
O juiz Jucélio Fleury, da 4ª Vara Federal de Macapá, negou liberdade provisória ao empresário e ex-deputado estadual Isaac Alcolumbre (DEM), acusado de participar de uma organização criminosa que atua na América do Sul, e que usava o Amapá como base de apoio logístico para o tráfico de drogas.
Para o magistrado, a manutenção da prisão é necessária para garantia da ordem pública “em especial diante de indícios de prática reiterada dos crimes de organização criminosa”. Ontem, o advogado Alessandro Brito declarou que o empresário não tinha como controlar o que estava sendo transportado nos aviões.
O empresário, dono do aeródromo na região do Abacate da Pedreira, zona rural de Macapá, é acusado de fornecer estrutura e até combustível acima da capacidade das aeronaves. De acordo com a Polícia Federal, o combustível a mais era armazenado em carotes e compartimentos nas asas para que os aviões fossem reabastecidos em pleno voo, assim poderiam chegar à Colômbia e Venezuela para buscar drogas.
O juiz cita detalhes da investigação da PF que demonstraram que as investigações começaram em 2020, com a prisão de um piloto de avião com quase meia tonelada de cocaína. O piloto teria citado o esquema com o aeródromo no Amapá.
“(Isaac) É consciente no sentido de favorecer o grupo criminoso que utilizava seu aeródromo, com apoio logístico e venda de combustível. Motivos suficientes para decretar a prisão preventiva como forma de assegurar a ordem pública,
O juiz rejeitou o argumento da defesa de que comorbidades do empresário o colocariam em risco na prisão por conta da covid-19. O magistrado lembrou que o próprio Isaac Alcolumbre declarou que recebeu duas doses de vacina.
Incomunicável
O magistrado também não aceitou o argumento da defesa de que o empresário ficou incomunicável até as 13h de ontem. Ele entendeu que não há previsão legal que determine a presença de advogados durante as buscas, a não ser que o investigado seja advogado. Além disso, assim que foi levado para a superintendência da PF, continuou o juiz, Isaac teve contato com seus defensores.
“A ampla defesa é exercida dentro do devido processo legal”, lembrou o magistrado.
Isaac Alcolumbre foi preso preventivamente, e também em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, durante cumprimento de mandados na operação Vikare, que investiga um grupo internacional de tráfico de drogas. A prisão de Isaac, que não foi a única, foi a que mais repercutiu por se tratar de um primo do senador Davi Alcolumbre (DEM), que não é investigado.
O senador divulgou por meio de nota que espera que a Polícia Federal cumpra seu dever “de forma institucional”.
No aeródromo de Isaac, que é alugado por várias empresas, policiais encontraram ainda carros de luxo guardados em um dos galpões. Na residência dele, foram apreendidos mais de R$ 100 mil.